Conhecida como “Síndrome do Coração Partido”, a cardiomiopatia de Takotsubo tem ganhado cada vez mais atenção dentro das unidades de emergência e terapia intensiva no Brasil. A condição, muitas vezes semelhante ao infarto, revela um impacto direto e profundo das emoções sobre a saúde do coração.
“É uma síndrome que tem como pano de fundo o estresse, tanto emocional quanto físico. A pessoa chega com dor no peito, os exames iniciais sugerem infarto, mas o cateterismo mostra que não há obstrução nas artérias coronárias. Ainda assim, o músculo do coração está claramente afetado”, explica o Dr. Marcio Moreno Luize, cardiologista.
Segundo o especialista, em mais de 80% dos casos, os pacientes são mulheres acima dos 60 anos, pós-menopausa. O quadro costuma ser desencadeado por eventos marcantes como luto, medo intenso, frustrações profundas, conflitos ou até mesmo doenças graves e acidentes. “É como se o coração literalmente se partisse em resposta a uma emoção devastadora. Isso justifica o nome da síndrome, que é, ao mesmo tempo, poético e alarmante”, reforça o Dr. Marcio Luize.
Embora possa evoluir para formas graves com desmaios, arritmias e até insuficiência cardíaca, a cardiomiopatia de Takotsubo é, em geral, reversível em um período de uma a quatro semanas com o tratamento adequado. O diagnóstico preciso é confirmado por meio de exames como ecocardiograma e cateterismo, que ajudam a descartar o infarto clássico e a visualizar a característica alteração no músculo cardíaco.
Atenção aos sinais e prevenção emocional
Dor intensa no peito é o principal sinal de alerta. “É o sintoma que mais leva o paciente ao hospital. Em muitos casos, ele está tão intenso e tão parecido com o de um infarto que só conseguimos diferenciar com exames mais aprofundados”, pontua o cardiologista.
O tratamento envolve medicamentos para proteger o coração e o controle rigoroso dos sintomas. Durante o processo de recuperação, é fundamental evitar esforços físicos intensos e priorizar o cuidado emocional. “Não é exagero dizer que a saúde emocional influencia diretamente a saúde do coração. Vínculos sociais, espiritualidade, momentos de descanso e até práticas como meditação e ioga são aliados na prevenção”, afirma o médico.
“Apesar de ainda ser considerada uma síndrome pouco frequente, estima-se que até 2% de dos casos que chegam aos pronto-socorros com suspeita de infarto sejam, na verdade, a Síndrome do Coração Partido. E essa proporção pode crescer. Vivemos tempos de estresse crônico, ansiedade e sobrecarga emocional. O corpo dá sinais — e o coração, muitas vezes, é o primeiro a falar”, alerta o Dr. Marcio Luize.