Marcelo Castro defende Lula, de olho em Wellington

No dia seguinte ao anúncio da sentença que condenou o ex-presidente Lula a 9 anos e meio de prisão, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) ocupou a tribuna da Câmara. Subiu para defender Lula, criticar o Ministério Público e Justiça. O resumo do discurso: o ex-presidente estava sendo injustiçado, pois condenado sem provas.

O discurso de Marcelo se assemelha aos empunhados pela tropa de choque do Palácio do Planalto, em defesa de Michel Temer. Os argumentos são os mesmos: Temer está sendo injustiçado e as provas são mera ficção. Curioso é ver que Marcelo não fez uma mísera referência ao atual presidente, que é de mesmo partido.

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A razão? Marcelo Castro não discursava para Lula. Discursava, sim, para o PT, mais especificamente para o PT do Piauí e particularmente para o governador Wellington Dias. Foi um discurso de candidato a candidato.

A muitos aliados, o deputado diz que não está brigando por uma vaga na chapa majoritária que terá Wellington na cabeça. É a mesma chapa que deverá ter Ciro Nogueira (PP) disputando uma das vagas de Senador, e que tem dois lugares teoricamente abertos: a segunda senatória e a cobiçadíssima vaga de vice de Wellington.

O lugar de vice é muito cobiçado especialmente por um motivo: é o segundo mandato seguido de Wellington, sem direito à reeleição. A perspectiva é que, se vitorioso em 2018, o governador deixe o cargo 9 meses antes do fim do mandato para disputar a senatoria, em 2022. Ou seja: ser vice-governador nessas condições é ter muita chance de assumir o Karnak.

O nome do presidente da Assembleia Legislativa, do deputado Themístocles Filho, é de longe o mais citado para ocupar esse lugar. Tem, ao que parece, a preferência dentro do PMDB, até por ter sido o principal avalista da aliança formalizada em março com o governo. Marcelo e Themístocles têm de fato o controle do partido. Se o PMDB fechar com Themístocles, ele deve ser o indicado para vice de Wellington. Mas Marcelo tem sonhos próprios.

O deputado federal dá asas às especulações sobre a possibilidade do PMDB indicar não o vice, mas a segunda vaga de senador. É uma forma de se colocar como a alternativa do PMDB, minando Themístocles. Quando discursou falando em Lula, era em 2018 que pensava.

É possível que sensibilize os ocupantes do Karnak. Mas também pode produzir efeitos colaterais, criando desconforto dentro do próprio PMDB. Até porque a azeitada relação do PMDB com o governo de Wellington – e, sobretudo, a vida mansa de Wellington na Assembleia – tem muito a ver com a liderança de Themístocles.

Certamente, o presidente da Assembleia não querer fazer a cama para ninguém deitar, a não ser o próprio.

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