O presidente Michel Temer disse que a reforma da Previdência já está “formatada” e será enviada ao Congresso ainda neste ano.
Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, ele afirmou que as discussões começarão após a aprovação da emenda do teto dos gastos públicos, que está em tramitação no Senado.
Temer disse no programa, exibido nesta segunda-feira (14), que a ideia é fazer uma reforma “para perdurar para sempre”, que não precise ser reavaliada periodicamente.
O presidente, porém, afirmou que, antes, vai ouvir centrais sindicais e fazer um “esclarecimento público por meio da televisão”. “É difícil apoiar, mas pelo menos você vai asfaltando o terreno.”
Ele também disse que a reforma vai propor regras equivalentes para o setor privado, público e a classe política. “Não há razão para essa diferenciação”, declarou.
Disse ainda ver como vantagens de seu governo o “apoio sólido” no Congresso e a rapidez com que tem conseguido aprovar matérias.
Afirmou ainda que admite os movimentos estudantis que protestam contra as medidas como a reforma do ensino médio, mas “lamenta” por eles. “No meu tempo de estudante, você examinava, discutia, chamava pessoas para dialogar e às vezes protestava fisicamente. Vejo que há muito protesto físico, não argumentativo, intelectual.”
LAVA JATO
O peemedebista foi questionado ainda sobre menções a seu nome em depoimentos da Operação Lava Jato e negou ter cometido qualquer irregularidade.
Disse que recebeu o empreiteiro Marcelo Odebrecht no Palácio do Jaburu porque o empresário queria contribuir com campanhas do PMDB e que as doações, que somaram R$ 10 milhões, foram feitas ao diretório nacional do partido e declaradas à Justiça Eleitoral.
Sobre a ação relacionada à cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral, disse que as contas de um candidato e de seu vice são separadas. “Evidentemente, vocês conhecem a obediência que eu tenho às instituições, se um dia o TSE lá pra frente disser, ‘olha, o Temer tem que sair…'”
Também afirmou que investigações e delações não devem decretar a “morte civil” de uma pessoa pública. Ao falar do caso do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o Ministério do Planejamento e agora se tornou líder de governo, afirmou que ele está com “direitos políticos preservados” e tem uma capacidade “extraordinária”.
Temer afirmou que uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato seria ruim para o governo porque traria “instabilidade” para o país.
O presidente também desconversou ao ser questionado se será candidato em 2018 e afirmou que já descartou a hipótese “várias vezes”.
Ele disse apoiar a instituição do parlamentarismo no Brasil e defendeu que o Congresso faça uma reforma nessa direção que seria submetida a consulta popular.
Temer evitou comentar se apoiará a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para não “se meter no Parlamento”.
“Eu não me intrometo desde que não haja um candidato que fale ‘Fora, Temer’.”
O presidente também afirmou que tem “legitimidade constitucional”. “A chamada legitimidade popular é uma coisa política”, declarou.
No fim do programa, Temer contou que conheceu a primeira-dama, Marcela, na campanha de 2002.
“Fui a um restaurante do tio dela, meu cabo eleitoral. Ela estava lá. Fiquei entusiasmado. Quando fui eleito deputado federal, ela mandou cumprimentos a mim. Mas foi pro escritório do [assessor Gaudencio] Torquato e ele me repassou. Cheguei em casa, apanhei o telefone e liguei para a casa dela. Marquei no sábado de visitá-la. Cheguei lá estava a mãe. Demos uma volta, e depois de sete meses estávamos casados.”
Temer reiterou que não decidiu ainda quando se mudará para o Palácio do Alvorada –local da entrevista, gravada na última sexta (11).