Silas gastou R$ 30 mil com telefone da Câmara durante férias no exterior

Por Rômulo Rocha – De Floriano
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ALÔ, É FÉRIAS COM A FAMÍLIA
– Ao admitir gasto, deputado diz que houve “um excesso”. Excesso não, um escândalo até para os padrões de Brasília

– Uma das dúvidas. O dinheiro vai ser ressarcido de uma só vez ou parcelado? Porque se for através da segunda opção, é como se o então apresentador tivesse, ops, pego, ainda que por descuido, o dinheiro do erário, sem consultar o povo, e agora anunciasse que vai pagar como bem entende. Ou ainda como se alguém fosse na carteira do político, pegasse o dinheiro e o devolvesse suavemente como quisesse

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– Outra. Por que Silas Freire diz que afastou um servidor, se quem estava a usar o celular era sua excelência

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OS DOIS SILAS FREIRE: O DO BALDE E O POLÍTICO
O deputado federal governista Silas Freire (PR) extrapolou a cota pública da Câmara dos Deputados destinada a gasto telefônico no mês de julho – quando regimentalmente os parlamentares têm menos de 15 dias de recesso parlamentar -, com o uso de um celular funcional no exterior, durante uma viagem, aparentemente, recreativa, de férias com a família, e não uma oficial pela Casa Legislativa.

Em ambas as ocasiões seria um exagero, mas o fato de usar o dinheiro público para fins pessoais faria o deputado, enquanto apresentador, chutar o balde, se estivesse a denunciar um terceiro. Um balde não. Uma dezena deles. O dinheiro dá para comprar um carro.

Em informações encaminhadas ao 180, depois da divulgação de nota sobre o assunto pelo Blog Bastidores [Câmara informa que Silas torrou R$ 30 mil com três telefones funcionais], o parlamentar assumiu o gasto, e disse que iria pagar o valor com o seu salário.

_É… já já vai ser alçado a garoto propaganda da telefonia brasileira…
(Foto: Agência Câmara)…
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Sua assessoria de imprensa também encaminhou um ofício, datado de 27 de setembro de 2016, em que o que seria o diretor de Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara informa ao gabinete parlamentar que o pedido de desconto salarial no contracheque do político está em trâmite.

“Sobre a nota afirmando que o deputado federal Silas Freire (PR) teria ‘torrado’ 30 mil reais com telefones institucionais, segue ofício comprovando que o parlamentar assumiu o débito, descontando este valor de 30 mil reais de seu salário”, informou nota da assessoria do parlamentar. Não houve o envio para a redação do portal de documento comprovando a quitação da cifra.

A nota repassa ainda que era “importante esclarecer que essa quantia não ficou para o erário público. Houve um equívoco, um excesso, mas já foi solucionado e inclusive o servidor do gabinete foi penalizado com afastamento”.

AS MUITAS DÚVIDAS QUE RESTAM…
Uma das dúvidas que ficam no ar é justamente saber se, caso esse gasto não fosse assim tão surreal, ele, Silas, pagaria, ou deixaria passar despercebido, naquele jeitinho brasileiro.

Outra. Por que “afastar” o suposto servidor do seu gabinete se quem estava a se esbaldar no telefone era o próprio parlamentar? Que servidor era esse?

Uma terceira. O dinheiro vai ser devolvido de que forma? De uma só vez, ou parcelado? Porque se for através da segunda opção é como se Silas tivesse metido a mão no erário sem ninguém ver (ou por engano), e quando veio a conta, ele anuncia que paga como quer.

São explicações que um homem público como ele, que cobrava o zelo para com a coisa pública em uma concessão pública, uma TV, precisa vir a público explicar. A assessoria de Silas, contatada, não retornou com as respostas.

Isso é necessário porque os governantes, legisladores, homens públicos em geral, existem e são alçados a postos dessa natureza para servir à sociedade e não para se servir dela. É um ideal republicano.

UM SÓ
Os gastos de três telefones funcionais do parlamentar totalizaram exatos R$ 31.790,94, mas só um celular funcional, o usado no exterior, chegou ao patamar de R$ 30.202,33 mil.

Ou seja, os telefones usados no trabalho não chegaram a R$ 2 mil, mas o ‘recreativo’ teve gasto equivalente à entrada para aquisição de um bom imóvel na planta.

É desproporcionalmente gritante para um estado pobre e apático como o Piauí.

_Mas vai ser à vista ou parcelado? Cadê o ofício enviado?
silascelular.jpg

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Um fanfarrão que não sabe o seu lugar

Por RR

Em um tempo não muito distante, mas dentro do período de atuação do titular do Blog Bastidores em território piauiense, já no posto de deputado federal e no período em que exerceu essa função parlamentar com a de apresentador no programa AGORA, da TV Meio Norte, Silas Freire deu a demonstração de que parece não separar bem o que é daquilo que era, ou do que não pode ser: um fanfarrão. Irresignado com publicações do blog em questão – publicações essas que atingem diariamente os mais variados homens públicos do Piauí, como deve ser, dentro da lei – pediu às mãozinhas danadinhas de um (ou uma) dos integrantes da sua então produção na TV, que preparassem uma cartela com a foto deste jornalista para expor na televisão. Assim foi feito. Ao mostrar a imagem no vídeo, em tela cheia, proferia palavras de ordem, como se estivesse a apresentar um bandido, e dizia ser tal profissional aquele que o estava a atacar continuamente. Foi engraçado, era como assistir à ‘Escolinha do Professor Raimundo’. O debate, do campo das ideias, pulou para o dos espasmos teatrais televisivos. O apresentador-político insinuou ainda, em tom ameaçador, que se continuassem as publicações, ele iria expor sabe-se lá o que sobre o respectivo jornalista. Bom, mas o que se via? Tinha-se o uso de uma TV de amplo alcance para tentar intimidar o que ele chamou de um simples “blogueiro” – esse tipo de expediente, sem a foto, já foi usado pelo Bom Dia Meio Norte para anunciar que um dos ‘cadeiras cativas’ no programa, o chefe de inteligência da Polícia Civil do Estado, não iria deixar barato uma publicação do blog. Mas qual a confusão de Silas Freire nesse episódio televisivo? O apresentador, usando uma concessão pública, se via no papel de defensor do deputado, alvo de críticas do Blog Bastidores. Na época, entre outras coisas, se noticiava que o gabinete de Silas era desprestigiado, sem banheiro – é fato, fazer o quê? Tinha a questão das emendas também. E quem era o deputado defendido pelo apresentador? Bingo. Ele próprio, Silas Freire. Ora, ora, ora, ora, o chutador de balde batia o escanteio e corria para a pequena área, fazia gol de mão e apitava como válido. Assim era fácil. Essa mistura de papéis na TV foi transferida aqui, no caso do uso do celular funcional, para o enlace da coisa pública com a curtição na vida privada. Esses fatos só comprovam que parece ser rotineira a falta de sintonia do então apresentador com a função que ocupa. Mas o detalhe é que alguém o precisa avisar que o seu papel é de ser apenas um homem público que deve trabalhar pelo povo, para o povo e com o povo, além de estar ciente de que pode sim ser criticado, como qualquer outro homem público. A menos que largue o osso, o que é difícil. É praxe, não pessoal. E mais: não é porque está a atuar por um estado com uma vasta massa de analfabetos – infelizmente – que endeusam autoridades que aparecem na TV, que há de pensar que todos devem ser assim: potenciais bajuladores. O que o parlamentar tem contra esse jornalista não se sabe – ele vai até ter que entrar para fila daqueles que procuram algo para expor sobre o titular do blog, ou contratar a Kroll, que faz investigação privada. Agora o fato de um membro da Câmara dos Deputados, Casa que integra o Congresso Nacional, ter torrado R$ 30 mil no exterior com um telefone funcional – aparentemente de férias com a família – quando não tinha essa autorização, e ter como histórico o uso de uma concessão pública para tentar intimidar um jornalista em sua atuação constitucional como integrante consciente do papel de imprensa, é um prato cheio para a grande imprensa em Brasília e até mesmo para os padrões de Brasília. Por experiência profissional em atuação na capital federal, Silas, repete-se… por experiência profissional cobrindo e atuando no Congresso Nacional, esse gasto merece estar no livro dos recordes e é um escândalo em potencial. Quer ver?

 

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