Ivana Amorim fala sobre equidade de gênero, violência contra a mulher e sobre seus objetivos frente à secretaria.
A psicóloga Ivana Amorim, foi nomeada recentemente Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, da cidade de São Raimundo Nonato. A secretaria afirma que um dos seus principais objetivos é organizar a pasta e conscientizar a população e o poder público sobre sua importância para a sociedade.
“A Secretaria foi um avanço para o nosso município, mas que ainda carece de maior visibilidade. Pretendo organizar a pasta, conscientizar a população e o poder público sobre a importância da mesma e prepará-la para que, num futuro próximo, seja uma grande secretaria, desenvolvendo políticas públicas eficazes para nosso município, e contribuindo positivamente para que as próximas gestoras ou gestores, não tenham outra saída a não ser prestar o serviço que nossa comunidade precisa e merece, sem retroceder”, explica Ivana Amorim.
A secretária fala da representatividade feminina em cargos públicos.
Está sendo uma honra contribuir, não tenho outra definição melhor. Carmelita é uma gestora exigente, isso é excelente e ao mesmo tempo desafiador, e quando ela me convidou para assumir a pasta, me lembrou de que é a primeira mulher Prefeita de São Raimundo Nonato, e como tal quer uma Secretaria que honre nossa figura feminina”, reflete.
Ela destaca que desde pequena questionava sobre equidade de gênero, de oportunidades iguais para homens e mulheres.
“Mesmo sem entender o que era vida pública ou equidade de gênero, me incomodava a maioria das tarefas domésticas se concentrarem nas figuras femininas, e pouco ou quase nada nas figuras masculinas, sempre percebi essa diferença, isso me marcou. Talvez, a vida pública que o sanraimundense conheça, tenha iniciado em 2020, quando me candidatei a vereadora, mas a que eu conheço, se deu aos 18 anos, na escolha acertadíssima de um curso que me exige equidade – lutar pelo respeito à igualdade de direitos é uma premissa básica do meu fazer profissional, e ele começa dentro da universidade, lá eu “profetizava”, dizia que voltaria para minha terra e que trabalharia na minha região, assim foi feito, tem sido. É um somatório de tudo, do que vivi e também aprendi na infância, pois me orgulho muito dos meus princípios, e acredito que essa “vida pública em prol da equidade de gênero” só esteja ampliada no momento, mas faz parte da minha caminhada”, detalha a psicóloga.
Para ela é importante o compromisso da sociedade com a promoção da equidade de gênero, nas esferas cultural, social, política e econômica.
“Empoderar mulheres, salva vidas. Conscientizar a mulher de que o lugar dela é onde ela quiser, e fazer com que a sociedade entenda, aceite e respeite o espaço dela, equilibra as relações humanas, e principalmente, vai desconstruindo a velha estrutura patriarcal e machista do poder e soberania do homem sobre a mulher, esse sistema mata mulheres, mata filhos, mata gerações. Empoderar mulheres é sobre oportunizar trabalho digno e bem remunerado, é sobre ajudá-las a viver relações saudáveis, sem dependência afetiva e/ou financeira que acaba contribuindo para um “encarceiramento”psíquico, alterando a sua forma de se perceber o mundo, onde a mesma não consegue enxergar saídas e outras possibilidades de existir. É sobre apoiar a participação da mulher na política, nos espaços de poder, somos a maioria da população, necessitamos de maior representatividade para uma elaboração e execução de políticas públicas mais igualitárias”, conta.
Para finalizar, a secretaria elenca alguns fatores primordiais para combater a violência contra a mulher.
“Educação: tudo parte da educação, da conscientização, isso só é possível com informação científica de qualidade. Somos o 5º país no mundo em feminicídio, a cada 6 horas uma mulher é morta em nosso país. Somos uma cultura machista, as masculinidades estão adoecidas, o papel aprendido pelo “ser homem” na nossa cultura, está adoecido, isso é gravíssimo e urgente de ser trabalhado. Acredito nas disciplinas escolares que trabalham a prevenção da violência e promoção da cultura de paz, acredito nas campanhas de denúncia da violência, acredito na Lei Maria da Penha, acredito nos programas voltados ao empreendedorismo feminino – já que muitas relações abusivas são mantidas pelo fato dessa mulher ser dependente financeiramente do homem, acredito nos grupos de homens que tentam conscientizá-lo das relações abusivas que estão ocasionando, acredito nos grupos para as mulheres vítimas de violência que buscam amenizar as sequelas deixadas por essa vivência. Mas, no que mais acredito é que precisamos nos antecipar a tudo isso, precisamos trabalhar a família nos seus diversos formatos, e somente a intersetorialidade de ações podem tentar chegar antes da violência se estabelecer.”