Pelo segundo ano consecutivo, São Raimundo Nonato, foi o município que mais produziu mel no Piauí. A informação é do IBGE, que divulgou nesta quinta-feira (19), os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal, referente a 2023, onde a cidade, que já tem o título de berço do Homem Americano, produziu 916,6 toneladas do produto, o equivalente a 10,38% da produção total do Estado.
Com isso, a cidade que é porta de entrada da Serra da Capivara, consolida-se como a nova capital piauiense do mel, título que sempre foi de Picos. Porém, conforme o levantamento, a produção de São Raimundo Nonato foi quase 300 toneladas superior à registrada na cidade Modelo, como também é conhecido Picos. Já no ranking nacional, São Raimundo Nonato caiu uma posição entre 2022 e 2023 e ficou na quarta colocação.
Os municípios que apresentaram a maior produção de mel no país foram Santana do Cariri (CE), com 1.187,7 toneladas; Arapoti (PR), com 1.051,5 toneladas; e Santa Luzia do Paruá (MA), com 1.045 toneladas. Picos, é i segundo do Piauí, e o nono do país. No Piauí, 140 municípios registraram produção de mel em 2023 e 14 deles estão entre os 50 maiores produtores de mel no país.
A situação de São Raimundo Nonato merece total destaque pelo salto gigantesco que a cidade deu na produção de mel em uma década. Segundo o IBGE, em 2014 a cidade havia produzido, apenas, 20 toneladas, que o colocava na 384ª nacional. Já ano passado, apresentou uma produção de 916,6 toneladas, o que representou um crescimento de 4.483% no período de dez anos.
Para Francisco Ribeiro, diretor de Projetos dos Territórios do Semiárido da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), dois fatores foram fundamentais para essa reviravolta acontecer em São Raimundo Nonato: a disponibilidade de floradas e os investimentos em apicultura. Detalhe, por lá o mel é natura total, com pouca industrialização.
“Na realidade, São Raimundo Nonato sempre produziu uma grande quantidade de mel. Porém, Picos é mais conhecida pela comercialização. A produção mais abundante de mel em São Raimundo Nonato se deve, primeiramente, à presença de uma maior quantidade de floradas. Em segundo lugar, está relacionada aos investimentos feitos pelos apicultores”, explica.
Além disso, ele destaca ainda que o sucesso de São Raimundo na produção de mel também está associado à preservação da flora. O município adota uma política de proteção das áreas florestais, especialmente próximas aos parques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões. Por outro lado, em Picos, a saturação das floradas e a priorização de outras culturas têm limitado o crescimento da produção.
“Picos segue uma lógica industrial, com menos restrições e legislações ambientais. Qualquer pessoa pode, mediante a licença, derrubar a mata para cultivar caju, feijão e outras plantações. Isso leva à saturação do espaço disponível, resultando na falta de novas áreas para crescimento. A falta de novas floradas limita o aumento da produção. Em Picos a produção não caiu, mas estabilizou devido a esses fatores”, aponta o diretor.
Em âmbito geral, o IBGE também verificou que o Piauí assumiu, de vez, a segunda posição entre os estados que mais produz mel no país, ficando atrás somente do Rio Grande do Sul. A produção de mel no Piauí em 2014 foi de 3.249,5 toneladas e em 2023 atingiu 8.829,8 toneladas, um aumento na produção da ordem de 5.580,3 toneladas, o equivalente a um incremento de 171,7% no período.
Pedro Andrade, Chefe da Seção de Pesquisa Agropecuária do IBGE no Piauí, explica os motivos do crescimento da produção de mel no Piauí, onde um dos principais fatores seria o “crescimento do cooperativismo, que tem facilitado tanto a produção como a comercialização do produto. Além disso, em razão do Piauí ter apicultores qualificados, muitas pessoas físicas e empresas vieram de outros estados para se instalar, o que contribuiu sobremaneira para aumentar a produção. Pedro Andrade complementa ainda que, “em razão da alta qualidade do mel produzido no Piauí, cerca de 80% dele é destinado ao mercado externo, motivo pelo qual se instalaram no estado muitas filiais de empresas comercializadoras de mel com sede em outras unidades da federação”