Conhecido como Xinxa, o rei da cebola, o empresário do ramo alimentício Xinxa Goes de Siqueira, preso em uma operação da Polícia Federal (PF) na quarta-feira (31), no Recife, tem um histórico de ações judiciais e acusações contra ele. O g1 teve acesso às denúncias, que vão de dívidas de condomínio a fraudes fiscais contra o governo, além de roubo de carros.
Xinxa, cujo principal empreendimento é uma transportadora de produtos de hortifrúti, chamou atenção da PF pela vida de luxo que ostentava nas redes sociais. Com a Operação Duplo X, ele foi apontado como o chefe de uma quadrilha que, nos últimos cinco anos, movimentou R$ 70 milhões em esquema de lavagem, sonegação fiscal e agiotagem.
O primeiro processo contra ele na Justiça encontrado pelo g1 é de setembro de 2002, quando Xinxa foi preso, junto com outros dois homens, ao ser pego com um carro roubado em uma abordagem policial. Quando foram à garagem do empresário, no prédio em que ele morava, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, os policiais encontraram outro veículo roubado, também de posse dele.
Na época, a denúncia afirmava que os três mantinham um esquema de roubo de veículos e clonagem de placas. Xinxa foi denunciado por receptação simples e qualificada e adulteração de veículo. Ele ficou preso no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, até dezembro do mesmo ano, quando foi solto e passou a responder ao processo em liberdade.
Neste tempo, Xinxa faltou várias audiências e teve outros mandados de prisão expedidos contra ele por não ter cumprido as medidas cautelares, mas não chegou a ser preso. Em 2019, o processo prescreveu.
O empresário também foi alvo de outro processo judicial, desta vez pela acusação de crime contra a administração pública e ordem tributária, em 2012. Ele foi acusado de fraudar o fisco estadual através da empresa Xinxa Transportes Rodoviários de Cargas LTDA, com quem administrava junto com o pai, o ex-deputado estadual Apolinario Goes de Siqueira.
De acordo com a denúncia, pai e filho omitiam operações de entradas de mercadorias tributáveis, deixando de registrar notas fiscais de entrada e, por consequência, de recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) relativo à saída dessas mercadorias.
Ao total, o valor devido calculado pelo governo foi de R$ 96.564,84. No entanto, ambos foram absolvidos em 2016, após a juíza Ana Cristina Mota decidir que não havia elementos suficientes para sustentar as denúncias.
Outra denúncia foi do condomínio onde morava, que o denunciou por não pagar as taxas condominiais por cinco meses, de 2014 a 2015. De acordo com o residencial, o valor devido por Xinxa era de R$ 2.942,74. O processo foi arquivado após nenhuma das partes moverem ações por mais de um ano.
Em 2022, o empresário também foi denunciado pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, por não pagar a taxa do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de valor não informado. No entanto, a dívida foi quitada pelo empresário em julho do ano passado.
O g1 tenta contato com a defesa de Xinxa, mas não conseguiu até a última atualização desta reportagem.
- Na manhã da quarta-feira (31), Xinxa foi preso no apartamento onde mora, em Boa Viagem, durante a Operação Duplo X;
- Essa operação da PF apreendeu 24 veículos de alto padrão, avaliados pela PF em mais de R$ 30 milhões, e seis cavalos de raça, estimados em R$ 10 milhões;
- Segundo a Polícia Federal, Xinxa é suspeito de chefiar uma quadrilha que atua em Pernambuco, no Ceará e em São Paulo;
- Xinxa é investigado pela PF pelos crimes de sonegação fiscal, agiotagem, lavagem de dinheiro e aluguel e empréstimo de armas, além de associação criminosa;
- Caso seja condenado por todos os crimes acusados, a pena de Xinxa pode ultrapassar 30 anos de reclusão.