Rio Piauí agoniza com a falta de carinho do Homo sapiens contemporâneo

Na pré-história ele foi uma das vias de chegada para os povos que habitaram a Serra da Capivara durante milênios. De suas águas os índios tiravam alimento, ganhavam saúde e certamente se divertiam bastante. As plantas e os animais viviam saudáveis e vigorosos…, mas bastou o colonizador descobri-lo para que uma tragédia ambiental, que ainda não é devidamente contada nos livros escolares, tivesse início.

Primeiro foram as fazendas de gado que inundaram suas margens com milhares de bovinos; depois os desmatamentos com a retirada de madeiras nobres como aroeira, pau d’arco, barrigudas, entre muitas outras; em seguida as barragens e os caprinos e, atualmente, o lixo, o assoreamento e os esgotos.

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Que sujeira nossa espécie deixou! Aquele curso d’água que de tão importante deu nome ao estado, agora agoniza sem futuro, cercado pelo descaso dos políticos e a ignorância do nosso povo. E não adianta chorar o leite derramado. O Rio Piauí, infelizmente, está morto!

Só resiste mesmo em pequenos reservatórios, nas periferias das cidades. Niéde Guidon diz em alto e bom som, que quarenta anos atrás, quando chegou em São Raimundo Nonato pela primeira vez, viu a população da cidade usando o rio no seu dia a dia, coletando água, tomando banho, servindo de base para produção de alimentos.

Foi tudo rápido demais! As barragens, os açudes e os reservatórios logo dariam o tiro fatal. Sem poder respirar, correr em seu curso natural, permitindo que os peixes voltassem para suas nascentes para desovar e realimentar a vida, seu destino estava selado.

Que futuro podemos esperar de uma Nação que não valoriza, protege e luta por suas riquezas naturais? A imagem deste post foi capturada na periferia de São Raimundo Nonato e, apesar da beleza quando vista do alto, mostra as feridas na sua “pele”. As árvores nativas desapareceram e o que resta são pequenos trechos com água represada, sem oxigênio, quase sem vida.

Fica aqui o alerta, o pedido de ajuda. O Instituto Ecológico Caatinga (IEC), uma pequena ong criada na zona rural de São Raimundo Nonato e que mantém o Viveiro Mata Branca, lança o desafio: vamos repovoar o rio com árvores da Caatinga? Garantimos a produção e a distribuição gratuita das mudas. Quem se atreve a tomar à frente dessa iniciativa e criar um projeto para fazer a recomposição florestal de suas margens?

Alguns anos atrás, demonstrando respeito por quem têm 4 décadas de conhecimento profundo da natureza local, questionei Niéde se ainda era possível trazer à vida de volta ao rio e ela me disse: Claro, basta que toda a sociedade se articule e tome medidas efetivas, não aquelas anunciadas em cima de palanques durante as campanhas eleitorais, mas medidas no nosso dia a dia, na mudança de atitude em cada um de nós!

André Pessoa
Especial

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