Histórias de devoção a Dom Inocêncio – padre que fez história no sertão do Piauí – se acumulam nas ruas da de São Raimundo Nonato, município 517 km ao Sul de Teresina. Mas, entre os milhares de relatos, o caso de um recém-nascido que acordou após cinco dias em coma e já sem temperatura corporal tem atraído atenção especial da equipe do Vaticano responsável pela coleta de informações para o processo de beatificação de Dom Inocêncio.
Frei Rogério Soares, veio de Brasília para o Piauí, onde acompanha de perto as etapas do processo desenvolvidas no Estado. O pároco é provincial da mesma ordem a qual pertenceu o Servo de Deus – como Dom Inocêncio passa a ser chamado durante o processo – a Ordem Mercedária do Brasil. O frei explica que após a exumação, realizada na última semana, a equipe agora colhe os depoimentos da comunidade que serão anexados ao ‘Libelo’ – documento que será produzido com todas as informações do processo, que será enviado para o vaticano.
“Nós já temos notícia de vários pequenos milagres mas tem um que está nos interessando em especial. É o de uma criança que nasceu de forma prematura e os médicos deram um diagnóstico de óbito, que ele não resistiria e a família rezou a Dom Inocêncio e a criança se salvou e a mãe também. Nós estamos interessados em investigá-lo”, relatou.
Uma história de fé
O caso envolveu uma sobrinha da dona de casa, Maria do Socorro Ribeiro, 47 anos . Socorrinha, como é conhecida conta ao Cidadeverde.com que a sobrinha grávida de sete meses caiu de moto e após vários dias de sangramento seguidos foi transferida para um hospital de Teresina. O caso aconteceu em outubro de 2016.
“No dia 30 de outubro minha sobrinha foi levada para Teresina. Eles não podiam fazer o parto, que foi induzido por medicação. Após 48h em trabalho de parto ela conseguiu ter o bebê que nasceu pesando 1 kg e 550 gramas e apenas 35 cm. Nos três primeiros dias após o parto ela se recuperou bem e o bebê esteve normal. As notícias eram muito boas. Porém no terceiro dia de vida do bebê ele começou a ter vômito e chegou a ficar em coma”, contou.
Perto de completar cinco dias em coma, a equipe médica já informava que o bebê já não possuía mais temperatura corporal nenhuma e estava prestes a atestar o óbito. Foi aí que Maria decidiu pedir de forma especial a Dom Inocêncio um milagre que salvasse o filho da sobrinha. Sozinha em um cômodo de sua casa em São Raimundo Nonato, ela fez uma prece que para a família, salvou o bebê.
“Senhor eu sei que eu não mereço receber essa graça, mas eu te peço pelos méritos do teu servo que acaba de chegar ao mundo que ajude esse bebê. E logo depois disso eu saí, fui fazer um trabalho comunitário e relatei pra eles o caso do bebê – ele já estava há cinco dias sem alimento, e em coma e os médicos dizendo que as possibilidades eram mínimas e simplesmente ele voltou a viver. No dia seguinte ele passou a se alimentar com 2ml de leite – agora ele vai para semi-intensiva e depois para o berçário, mas a recuperação foi tão rápida que ele foi direto para lá. Hoje o bebê com três meses está saudável e a coisa mais fofa desse mundo”, contou emocionada a fiel.
A devoção a Dom Inocêncio é uma ‘herança’ familiar da dona de casa, que relata que seus avós conviveram com o padre e lhe passaram o testemunho de uma vida de santidade. Por enquanto a emocionante história do bebê é somente um testemunho da fé particular de Maria do Socorro, mas em um futuro próximo, a história pode ser considerada o primeiro milagre do Servo de Deus. “Vamos esperar que a igreja avance. Para mim isso foi uma graça que recebi. O que minha fé me diz é que foi milagre, mas se o Vaticano reconhecerá isso é outra coisa. Não queremos nos antecipar. Por isso não passamos mais detalhes sobre isso”, pontuou.
Investigação
Frei Rogério explica que o processo de investigação partirá de um laudo que será pedido ao médico que prestou atendimento ao bebê para que ele seja analisado pela equipe médica do vaticano. “Quando não há explicação médica para uma cura, pode-se comprovar uma intervenção divina e só então pode ser reconhecido o milagre”, acrescentou. Para ser beatificado, um milagre reconhecido é o suficiente e para uma futura canonização são necessários três milagres.
O processo pode durar até dois anos e meio, e enquanto o resultado não sai, resta a dona de casa a emoção de saber que seu relato pode contribuir muito para perpetuar uma devoção que já é presente em toda a região. “Olha se eu disser que me sinto apenas feliz é pouco, porquê transcende a isso e tudo que vem para honra e glória de Deus traz muita alegria. Mas independente da beatificação Dom Inocêncio sempre foi e sempre será santo para mim”, finalizou.
Rayldo Pereira