Serra da Capivara é um grande parque arqueológico reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural da Humanidade. Ela ocupa os municípios do Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa e São Raimundo Nonato. São 130 mil hectares no sudeste do estado que comportam mais de mil sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres que registram os mais antigos vestígios da presença do homem nas Américas.
Diante do grande potencial turístico, a preservação da fauna e da flora são essenciais para que o local não sofra as consequências da exploração ambiental. Todo esse tesouro da história que fica em solo piauiense, tem nos seus arredores uma comunidade de moradores que atualmente recebe um projeto de sustentabilidade para garantir sua renda. A chefe do Parque Nacional Serra da Capivara, Marrian Rodrigues, vem desenvolvendo atividades para a comunidade da zona próxima do Parque no sentido de trazer sustentabilidade para essas pessoas.
Como o Parque está no entorno de quatro municípios, cerca de 40 mil pessoas vivem no local e para que ele continue servindo a história e cultura em solo piauiense, sem o desmatamento, queimadas e caça aos animais silvestres é realizado um projeto com as várias comunidades rurais situadas no limite imediato da área. Entre elas, existem vários assentamentos rurais, sobretudo no Corredor Ecológico, onde 1. 500 famílias vivem do manejo da terra.
Foi então que os representantes das comunidades dos assentamentos rurais localizados no Corredor Ecológico procuraram a gestão do Parque Nacional Serra da Capivara para pedir apoio no desenvolvimento de ações sustentáveis, sobretudo, em programas de Educação Ambiental e ações de geração de renda.
“Diante dessa procura, criamos, em conjunto, o Programa Comunidades Sustentáveis do Parque Nacional da Serra da Capivara, com o objetivo de criar um rede de colaboradores para o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis relacionadas ao meio ambiente cultural, apoiando-os no seu desenvolvimento e projeção de um futuro sustentável”,explicou Marrian.
Essas ações integram a rede de produção do conhecimento das Ciências da Sustentabilidade desenvolvidas pela ONU para atender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
As atividades buscam se desenvolver em vários setores, como um Programa de Educação Ambiental e Saúde Pública, a organização dos assentamento para o turismo de conhecimento tradicional, o incentivo ao artesanato local, a regularização fundiária, entre outras ações que busquem, inclusive, o fortalecer o pertencimento dessas comunidades para uma maior consciência ambiental e patrimonial.
Os gestores iniciaram essas atividades com o concurso Caçadores de Fotografias para incentivar uma troca de olhar: em vez de caçar um animal e matar; imortalizá-lo em uma fotografia.
A chefe do Parque informou que também foi realizada uma parceria com o Ministério Público Federal para apoiar nas questões inerentes à regularização das terras, organização dos homens e mulheres artesãos na exposição dos seus produtos no Parque, na área de Uso Público.
“Dentre os vários parceiros, contamos com a associação de Logística Unindo Solidariedade e Sustentabilidade (LUSS) , composto por profissionais da superintendência federal do INCRA, engenheiro, Tribunal de Justiça do Distrito Federal, especialista em projetos, músico, assistente social de todo o Brasil. A associação iniciou um projeto de intervenção comunitária no Assentamento Serra Nova”.
As etapas do projeto de Assentamento podem ser entendidas da seguinte forma:
Etapa 1: Água – através da perfuração de poços e/ou construção de cisternas;
Etapa 2: Segurança Alimentar – através da construção de hortas familiares e/ou comunitárias, com ou sem consorciamento com a criação de animais de pequeno porte;
Etapa 3: Desenvolvimento Econômico Local: diagnóstico sobre vocação econômica da comunidade, melhora dos processos, certificações e auxílio na busca de um posicionamento de mercado para a atividade comercial da comunidade.
“Estamos apenas começando, a iniciativa tem pouco mais de 5 meses e já estamos a todo vapor, pois entendemos que as comunidades que vivem no entorno precisam ser exemplo de vida sustentável e nós, enquanto gestores desse Parque precisamos apoiá-los nesse processo. Esperamos que mais pessoas se juntem a nós”, convida Marrian Rodrigues.