Um professor de inglês no Piauí resolveu se fantasiar para dar aulas remotas aos seus alunos do Centro Cultural de Línguas (CCL) Padre Raimundo, em Teresina. Eristóteles Pegado, que trabalha há oito anos como professor, se veste de vários personagens, criados por ele mesmo e que têm relação com a pandemia da Covid-19 como a tia Corona e o mais novo deles: o McLockdown.
“Já fiz dois personagens diferentes, o Ray Mudinho, a tia Corona e essa semana farei mais um personagem para eles, o McLockdown. Os alunos estão adorando a ideia. Eu uso um programa no computador para gravar as aulas, como se eu estivesse em sala de aula, porém com algumas limitações”, explica o professor.
A ideia do professor é romper, pelo menos um pouco, os dias pesados do isolamento social. Com perucas, máscaras e roupas improvisadas, Eristóteles Pegado tem conseguido despertar a atenção e a curiosidade dos alunos para o conteúdo da disciplina.
“Comecei a pensar em algo que pudesse chamar a atenção dos alunos. Mesmo me esforçando, os alunos estavam diminuindo. Então, pensei rápido para trazê-los de volta, com algo que eles gostassem. Assim, juntei um pouco do teatro, da comédia e das metodologias em educação para fazer com que os estudantes se interessassem pelo conteúdo. Eles gostaram tanto que alguns já vieram me perguntar: prof, qual será o próximo personagem? Isso me deixa cada dia mais motivado”, relata Pegado.
Para entrar na ‘onda’ dos alunos, ele conta que não repete as fantasias.
“Eles têm aquela expectativa para saber qual será o próximo figurino, dão risada e dão uma relaxada. Eu consegui criar um contato maior com eles e fazer com que se sintam acolhidos. Aumentou muito a participação”, conta o professor que antecipou os novos personagens que estão por vir: a vovó Cloroquina e o primo Alckingel.
“Sempre busco nomes relacionados ao momento que estamos passando e a uma forma de aumentar o vocabulário deles”, disse o professor.
Para ele, cabe aos educadores se reiventarem para ensinar os alunos. Ele relembra o caso de uma aluna deficiente visual que não sabia a cor do quarto.
“Ano passado, tive uma aluna que era deficiente visual. Sempre tentei trabalhar de uma forma específica para que ela conseguisse absorver o conteúdo, mesmo diante da limitação. Me deparei com uma situação que tinha que ensinar as cores para ela. Fui pensando, pesquisando e resolvi trabalhar os sentidos: a folha para trabalhar o verde, o chocolate para trabalhar o marron, a maçã para representar o vermelho e tudo isso com ajuda da turma. Em um momento, perguntei se ela sabia a cor da mochila dela. Ela falou que não e me segurei para não chorar. Daí disse que quando ela chegasse em casa perguntasse qual a cor da mochila, do quarto e me contasse na próxima aula. A gente que trabalha com Educação tem que estar se reiventando”, relembra o professor
Os vídeos do professor fantasiado são colocados na plataforma Google Sala de Aula semanalmente e as aulas são todas em inglês.
“Os alunos assistem, fazem as atividades e eu me encontro com eles na plataforma jitsi por 1 hora, para treinarmos a oralidade e para a correção das as atividades”, concluiu Eristóteles Pegado.
Graciane Sousa