Professor da FGV explica por que pico da Covid será em setembro

O professor Eduardo Massad, da Fundação Getúlio Vargas(FGV), responsável pelo estudo  que aponta que o pico da Covid-19 no Piauí será no final de setembro,  adiantou que neste período o estado deve registrar 4 mil infecções diárias de coronavírus.

A estimativa foi revelada em entrevista à Rádio Cidade Verde, nesta quarta-feira (17). Eduardo Massad explicou que as projeções que demonstram que o pico de Covid-19 será em setembro são feitas a partir das notificações da doença.

“Essas estimativas são feitas através de modelos matemáticos. A partir dos dados reais que são notificados em qualquer localidade  você começa a construir uma  curva de crescimento no número de casos e ai monta um modelo matemático que reproduz todas as etapas da doença, que a pessoa passa conforme ela vai adquirindo o vírus e evoluindo pra doença. Ele repete exatamente aqueles dados que são observados. Então se você consegue reproduzir os dados que são observados com esse modelo você projeta no tempo qual seria o comportamento da epidemia”, explica Eduardo.

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O professor esclarece que toda epidemia tem uma “curva epidêmica”, que significa o número de casos novos diários de uma doença. Ele explica que no Piauí essa curva chegará ao ápice no final de setembro apenas se as medidas de distanciamento social forem mantidas.

“Essa curva tem a forma de um sino que ela sobe e depois desce.  O pico será no final de setembro dada as circunstâncias atuais, se o Estado como um todo continuar mantendo as medidas de isolamento social”, ressalta.

O professor da FGV alerta que se houver agora relaxamento  nas medidas de isolamento, as pessoas começarão a ser infectadas em uma velocidade rápida e pico será alcançado mais cedo. Na prática, o Piauí vai conviver mais tempo com coronavírus, mas menos gente irá morrer, caso as políticas de distanciamento sejam mantidas.

“Se o Piauí conseguir manter as políticas de distanciamento social é bem verdade que o estado vai conviver com o vírus por um período mais longo, mas com um número de casos que permite que o sistema de saúde atenda as pessoas que ficam doentes”, disse Eduardo Massad.

Sem colapso

Foto: MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O professor é categórico ao afirmar que, no pico, o estado do Piauí terá 4 mil infecções diárias de coronavírus. No entanto, Eduardo Massad explica que  é preciso diferenciar o que é infecção do que é caso.

“Nem todo mundo infectado vai virar um caso que precisa ser internado. Vai chegar a 4 mil, não tem nenhuma razão pra não chegar a 4 mil”, afirma o professor. Mesmo com essa projeção, Eduardo Massad diz que entre todos estados que tem analisado o Piauí é o que tem uma epidemia “mais branda”. E isso, segundo ele, se deve as políticas de distanciamento social.

Ele afirma também que, se o distanciamento for mantido, o Piauí deve não ter colapso no sistema de saúde durante o pico.

“Da forma como estado tem manejado a epidemia até agora eu diria que não  vai ter colapso no Piauí, independente do número de casos de infecções que vem aparecendo eu  acho que por enquanto, dá pra prever que os numero de leitos de uti também estão crescendo , acho que vai chegar a 600 , 700. Acredito que vai ser possível levar essa epidemia sem entrar em colapso”,  analisa.

Do ponto de vista epidemiológico, o professor conta que tem dito ao governador  fechar o “máximo possível”, mas reconhece que as decisões devem levar em consideração também os aspectos econômicos na perspectiva de quanto tempo a economia poderá ficar fechada.

“A consideração epidemiológica não é a única que deve ser levada em consideração.  Os governos vão ter que tomar decisões levando os dois aspectos em consideração. Eu estou do lado epidemiológico e  tudo que eu falo pro governador é “não relaxe governador”. Mantenha fechado. Mas eu não sou a única pessoa que ele tem que escutar”, pondera Eduardo Massad.

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