O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Cláudio Maretti, está no Piauí para discutir a situação do Parque Nacional Serra da Capivara, considerado patrimônio cultural da humanidade. O órgão é o responsável pela gestão da unidade de conservação, que passa por uma séria crise financeira, conforme relatos da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM).
![Cláudio Maretti](http://saoraimundo.com/v2/wp-content/uploads/2016/03/R2_5378-1024x683.jpg)
Maretti está em São Raimundo Nonato onde participa de uma reunião nesta terça-feira (15) na sede da FUMDHAM como parte da programação de um seminário que vai até o dia 18 de março. Ele visita ainda o parque Serra das Confusões, também no Sul do Estado, onde tratará de melhorias na infraestrutura do local.
Nesta segunda-feira, o ICMBio divulgou um comunicado em seu site onde admite que os custos de manutenção de toda a infraestrutura do parque são altos, um dos maiores do país. Por mês, segundo o órgão, são cerca R$ 350 mil investidos.
“A equipe que atua na Serra da Capivara é composta por profissionais de diversas áreas, como analistas ambientais, vigilantes, motoristas e técnicos em arqueologia. Incluindo servidores concursados e trabalhadores alocados por prestadores de servidores, a equipe chega a 70 pessoas. Além destes, na época da seca, 14 brigadistas são contratados junto às comunidades locais”, diz o ICMBio.
O órgão afirma que, apesar das restrições orçamentárias do Governo Federal, a partir de 2015, a participação dos recursos diretos do ICMBio na gestão da unidade de conservação foi em grande parte preservada. “No período de 2010 a 2015, o ICMBio investiu cerca de R$ 9,3 milhões de recursos orçamentários no Parque Nacional da Serra da Capivara. Outros R$ 5,6 milhões de recursos da compensação ambiental e R$ 300 mil de emendas parlamentares também foram destinados ao Parque Nacional, neste período, totalizando R$ 15,3 milhões, parte desses recursos repassados à FUNDHAM”, disse o Instituto em comunicado à imprensa.
Atualmente, segundo o ICMBio, o Parque Nacional Serra da Capivara tem o segundo maior contingente de vigilantes entre as unidades de conservação no país, o que garante a proteção do parque e a continuidade das atividades de visitação de forma regular. No entanto, devido à atual situação financeira do país, o ICMBio precisou reduzir seus gastos, em todas as áreas, inclusive no parque, a partir do final de 2015.
“Isso, junto com a provável redução da capacidade da FUNDHAM, representa um desafio, a ser enfrentado, em conjunto, para os próximos anos”, afirma o órgão.
Para minimizar o impacto, o Instituto disse que trabalha em conjunto com parceiros para encontrar soluções emergenciais, como a busca de novas doações filantrópicas ou a destinação de mais recursos de compensação ambiental, por exemplo.
A longo prazo, para viabilizar os investimentos necessários e a manutenção das instalações, o ICMBio afirma ser necessário a construção de um modelo de gestão sustentável. “Outras instituições, como o Governo do Estado do Piauí, BNDES, por exemplo, também devem se unir a esta iniciativa”, diz o ICMbio.
O modelo, de acordo com o Instituto, deve incluir o fortalecimento das parcerias, elaboração de projetos para captação de recursos, concessões ao setor privado de operações turísticas e maior envolvimento de outros órgãos governamentais e não governamentais, de comunidades locais na gestão do parque nacional. “Neste processo deve-se considerar também o mosaico de unidades de conservação da região, incluindo o Parque Nacional da Serra das Confusões”, afirma o órgão em seu site.
Ainda de acordo com o Instituto, o Governo do Estado do Piauí já se comprometeu com a implementação da gestão da Estação Ecológica Estadual da Serra Branca e com o fortalecimento do efetivo de policiais ambientais na região, fortalecendo assim o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Hérlon Moraes (Com informações do ICMbio)