Piauí tem alta de 100% nas mortes violentas e suicídios de policiais em 2024

O Piauí está entre os estados com os maiores índices de suicídio e mortes violentas intencionais (MVI) de policiais no Brasil, segundo dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O levantamento revela que o estado teve um crescimento de 100% nas mortes de policiais por confronto em 2024, em comparação com o ano anterior. A taxa estadual é de 0,4 mortes por 1.000 policiais da ativa, acima da média nacional, que é de 0,3. O Piauí aparece ao lado de outros estados com índices elevados, como Tocantins (1,1), Rio de Janeiro (1,1), Pará (0,8), Ceará (0,5), Alagoas (0,4) e Pernambuco (0,4).

Conforme o diretor de Inteligência da SSP-PI, delegado Anchieta Nery, a taxa desse perfil de mortes entre policiais é alta no Piauí porque o cálculo é feito a cada mil policiais.

“Como o nosso efetivo ainda não é muito alto, se comparado com outros estados, essas mortes acabam resultando em uma taxa elevada. No entanto, foram apenas quatro policiais da ativa”, explicou.

Ainda segundo o coordenador, a SSP vem desenvolvendo um programa especial para tratar sobre o tema.

“Esse programa, o Cuidar para Proteger, estimula e promove o cuidado com a saúde física e mental do policial. Inclusive, o secretário instituiu por lei a obrigatoriedade do policial realizar esses exames para iniciar o acompanhamento da saúde física. Caso haja necessidade de assistência, seja psíquica, seja fisiológica, ele recebe encaminhamento para consultas especializadas, custeadas pelo Estado”, acrescentou.

Apesar de o Brasil ter registrado uma queda de 4,5% nas mortes por confronto, o Piauí segue na contramão da tendência nacional, com um crescimento de 100% que se iguala ao de Alagoas e só é superado por Minas Gerais, que teve alta de 200%.

Entre os casos registrados de mortes envolvendo policiais, está o caso do policial civil Marcelo Soares da Costa, 42 anos, morto durante uma ação policial em setembro de 2024 na cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão. Um segundo caso registrado foi o do sargento reformado da Polícia Militar do Piauí, João de Deus Teixeira dos Santos, de 67 anos, que não resistiu e morreu seis dias após ser internado em novembro de 2024, após ser atingido na cabeça com um tiro, durante uma briga de trânsito com outro policial.

Suicídios entre policiais também crescem no estado

Outro dado preocupante apontado pelo anuário é o aumento dos casos de suicídio entre policiais no Piauí. A taxa chegou a 0,5 por 1.000 profissionais da ativa, também acima da média nacional (0,3). O estado está entre os seis com os maiores índices de autoextermínio, ao lado de Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Ceará e Distrito Federal.

Assim como nas mortes em confronto, o Piauí também teve alta de 100% nos casos de suicídio, enquanto o Brasil, de forma geral, registrou uma redução de 8%. No total, dez estados apresentaram elevações expressivas, incluindo o Piauí.

Cenário nacional é marcado por disparidades regionais

O anuário evidencia que a vitimização policial no Brasil é desigual, fortemente influenciada por fatores regionais, estruturais e institucionais. Enquanto estados como Acre, Amapá, Rondônia, Sergipe e Mato Grosso do Sul não registraram mortes por confronto nem suicídios em 2024, outros, como o Piauí, enfrentam um cenário de crescimento simultâneo nas duas formas de vitimização.

Os dados do cenário nacional apresentam ainda diferentes padrões entre a Polícia Civil e Militar.

“As mortes de PMs, representaram, em 2024, 91,8% das mortes de policiais, frente a 8,2% de PCs. Essa disparidade na proporção reflete as diferentes naturezas do trabalho desempenhado por cada corporação: enquanto a Polícia Militar atua predominantemente no policiamento ostensivo, em situações de maior confronto e risco de vida, a Polícia Civil concentra suas atividades em funções investigativas, que envolvem menor exposição direta a situações de risco imediato”, aponta o anuário.

 

Mortes de Policiais Civis

Mortes de Policiais Militares

Em relação ao perfil dos profissionais vitimizados, considerando o contexto mais amplo, o levantamento ainda mostra que 98,4% dos policiais mortos eram do sexo masculino, diante 1,6% de vítimas do sexo feminino. As mulheres representam 15,7% do efetivo das polícias civis e militares, enquanto os homens representam 84,3%.

No que se refere à idade dos policiais civis e militares vítimas de mortes violentas intencionais em serviço ou fora dele, a maioria das vítimas, cerca de 16,8% estão na faixa de 40 a 44 anos e um declínio mais acentuado entre 25 e 29 anos, que concentram 3,4% dos casos. Assim como no ano de 2023, os profissionais mais experientes, acima de 10 anos de serviço, foram os mais vitimados.

Já em 87,8% dos casos, o tipo penal do crime foi homicídio, que também representa a maior parte do total de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) do país. O restante dos casos são latrocínios (11,4%) e feminicídios (0,8%).

 

Casos de morte no país

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