O seminário “Piauí: trajetória e transição econômica” apresenta, nesta segunda-feira (9), um estudo inédito sobre o desenvolvimento econômico do Estado.
O trabalho aponta que o Piauí foi o Estado do Nordeste que mais se expandiu economicamente, e o motivo foi a acelerada transição da economia agrária para a economia urbana. Esse movimento, segundo o autor do estudo, professor Márcio Pochmann, foi intensificado pelo setor de Serviços.
“Esse trabalho foi feito com base na realidade do Brasil, no início do Século XXI. Tivemos uma inversão de trajetórias. Estados que protagonizavam expansão, como São Paulo, pela Indústria, já não são mais os protagonistas. Estamos vendo uma expansão maior nos Estados do Norte e Nordeste e o Piauí foi o que conseguiu maior dinamismo no Nordeste, por causa de uma transição econômica mais acelerada, de uma economia com forte base agrária para uma economia urbana intensificada pelo setor de Serviços”, explica o economista.
Márcio Pochmann é doutor em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Campinas. Seu estudo oferece uma ampla discussão sobre a evolução recente do Estado, a atual situação e as perspectivas para o futuro.
Ele avalia que a rápida expansão econômica do Piauí foi acompanhada pela elevação do padrão de vida da população, que se aproxima do padrão de São Paulo.
“Tinha-se em mente que para crescer os Estados teriam que passar do agrário para a indústria, copiando a evolução de São Paulo. Hoje estamos vendo que há uma transição sem passar pela indústria, proporcionada pelo setor de Serviços públicos e privados. Isso nós observamos no Piauí, inclusive em várias cidades. E tem permitido refletido na vida das pessoas. O crescimento está vindo acompanhado da evolução do padrão de vida, que era muito distante de São Paulo e atualmente se aproxima rapidamente”, argumenta.
O especialista atribui esse protagonismo do Estado à união de dois elementos: as medidas do governo federal e as ações do governo estadual.
“No início do Século aconteceu um movimento no Brasil, de descentralizar políticas públicas, de voltá-las mais para os Estados e segmentos que mais precisavam. Soma-se a isso as ações do governo estadual para tirar um pouco o protagonismo da capital e descentralizar as ações, beneficiando as cidades do interior. Isso não tinha antes e garantiu o êxito inegável do Piauí frente a outros Estados”, analisa Pochmann.
O economista lembra que o país – e também o Piauí – vive uma situação de recessão desde 2015 e avalia que para voltar a crescer é preciso vencer essa situação.
“Essa situação impede a geração de emprego e renda, de arrecadação e, consequentemente, impede a expansão econômica. Para voltar a crescer é preciso retomar a trajetória de transição econômica, de descentralização e continuar a busca de atores econômicos, no setor público e no setor privado”, finaliza o economista.