No sertão surge uma fronteira de desenvolvimento que começa a se destacar no país.
O Piauí, antes visto como primo pobre da Federação, hoje assume uma posição de destaque no cenário nacional quando o assunto é potencialidades. E é justamente das regiões que sempre representaram desafios quase invencíveis – dos confins do sertão – onde a natureza mostra que a riqueza está ali, pronta para ser explorada: os ventos que sopram, que devem transformar o território piauiense em um dos maiores produtores de energia renovável do Brasil e da América Latina. Empresários de várias partes do país e do exterior estão desembarcando no Estado, buscando também investir em outros setores, como no turismo, comércio, serviços diversos e, notadamente, no agronegócio e equipamentos para o setor.
Teresina já conta com o seu terceiro grande shopping center: o Rio Poty. O empresário Leonardo de Sá Cavalcante, diretor-presidente do Grupo Sá Cavalcante Shopping Centers, que esteve reunido com o governador Wellington Dias, no Palácio da Cidade, revela que também pretende construir um centro empresarial com seis torres comerciais e um hotel, além de um complexo residencial com 20 torres. Somente o shopping center deve gerar 6 mil oportunidades de empregos diretos e 16 mil indiretos.
“O Rio Poty é o maior shopping inaugurado no Brasil desde 2014. Só nosso cinema teve um investimento de R$ 28 milhões. São 12 salas, sendo três salas vips e uma macro. É o maior complexo de cinema inaugurado no Brasil desde 2012”, explica Leonardo de Sá. “Pesquisamos a partir de 2008, e o Piauí foi o local escolhido para os nossos próximos empreendimentos. Aqui chegamos em 2010, trazendo como investimento inicial o Shopping Rio Poty. Vamos continuar investindo aqui na cidade”, acrescenta o empresário. “Fomos educados para investir. Inicialmente, contamos com 2 mil colaboradores diretos, trabalhando na implantação e administração dos nossos negócios”, sublinha. Nos próximos 10 anos, serão investidos em Teresina recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão pelo grupo.
Os ventos que sopram
Empresa que já se consolida no Piauí é a Casa dos Ventos, uma das pioneiras e principais investidoras no mercado de energia eólica do Brasil e que vem desenvolvendo empreendimentos no Nordeste brasileiro desde 2006, chegando agora ao estado piauiense. De acordo com diretor executivo da empresa, Clécio Eloy, depois que o parque que está sendo instalado no Piauí estiver em pleno funcionamento, a energia gerada atenderá contratos de leilões de energia promovidos pelo Governo Federal em 2013 e 2014. “No Piauí, a Casa dos Ventos tem hoje 4,9 GW em projetos, o que representa 87% do potencial competitivo do Estado. Esse volume coloca o Piauí em uma posição de destaque no cenário brasileiro”, afirma o diretor.
O parque eólico a que se refere o diretor fica localizado no sertão que abrange os municípios de Caldeirão Grande, Marcolândia, Padre Marcos, Simões, Curral Novo do Piauí, Paulistana e Betânia do Piauí, região historicamente castigada pela estiagem e que agora se transforma em grande potencial de desenvolvimento do Piauí. Na mesma região outras empresas se instalam com o mesmo objetivo, como a Queiroz Galvão, Contour Global e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), vinculada ao Ministério das Minas e Energia.
A Contour Global, com sede em Nova York, comprou participações acionárias em parques eólicos que estão sendo construídos na Chapada do Piauí. Ao todo, os projetos vão consumir investimentos de R$ 1,9 bilhão (US$ 845 milhões). Segundo a chefe executiva da empresa no Brasil, Alessandra Marinheiro, em parceria com a Chesf, o grupo está investindo em torno de R$1,8 bilhão em projetos eólicos na região da Chapada do Piauí, nos municípios de Marcolândia, Simões e Padre Marcos. “Esses investimentos estão contribuindo com a geração de energia para o País no momento crítico. Agradecemos ao governador Wellington Dias e ao estado por nos receber e apoiar um investimento tão importante para o Brasil e para o Piauí”, frisou ela, em encontro no Palácio de Karnak, acompanhada de outros investidores no setor de energia renovável.
A assessora de Investimentos do Governo do Piauí, Lucile Moura, informa que outras empresas estão se estabelecendo no Piauí, a exemplo do Grupo Bemisa, com o objetivo de prospectar, desenvolver e operar oportunidades no setor mineral. Possui equipe multidisciplinar com experiência comprovada em exploração, desenvolvimento e operação de ativos minerais. Outra empresa é a Terracal Alimentos e Bionergia Ltda., com sede operacional no Rio de Janeiro, voltada à produção de alimentos e bioenergia, de forma economicamente competitiva e sustentável.
Mais empresas
A Assessoria de Investimento do Governo Wellington Dias também cita que o Piauí passa a contar com as Indústrias Budny, que oferecem maquinaria para a produção de milho, feijão, hortaliças e pecuária. Esse maquinário pode ser utilizado na fruticultura e em outras áreas de cultivo. Reunido com o governador Wellington Dias, no Palácio de Karnak, o diretor da empresa, Carlos Budny, afirmou que a qualidade do solo piauiense, acrescentada a uma irrigação adequada pode gerar uma produção melhor que a do sul do país.
“Podemos adiantar que as pesquisas nos mostram que, em condições normais de produção, podemos ter uma margem líquida de 60% de lucro. Esse projeto terá um custo para produção de 15%”, acrescentou Carlos Budny. Para o secretário de Desenvolvimento Rural (SDR), Francisco Limma, essa parceria é importante, considerando que a mecanização agrícola é necessária tanto para racionalizar a mão de obra quanto para aumentar a produtividade na agricultura. “Devemos não só aumentar a produtividade, mas, sobretudo, ampliar a área cultivada e aumentar a renda dos agricultores”, enfatizou.
Formação técnica
Entretanto, para atrair mais investimentos nesses setores, principalmente envolvendo tecnologia avançada, o Piauí precisa de profissionais qualificados. Lucile Moura adianta que a expectativa é a de que nos próximos quatro anos, pelo menos 60 grandes e médias empresas devem se instalar no estado. O Governo do Estado, segundo ela, está se preparando para isso e vai construir, por exemplo, uma escola técnica focada na especialização em energias renováveis, como a eólica, solar e de biomassa. “Para cada torre instalada, são gerados cerca de três empregos, ou seja, será uma média de 9 mil vagas de empregos disponíveis. Por conta disso, o Governo do Estado irá trabalhar na formação técnica de mão de obra”, explica a assessora.