Pesquisa descobre planta típica do PI capaz de combater o Aedes aegypti

Estudo mostra que chá do pinhão roxo mata as larvas do mosquito.
Eficiência do composto natural foi semelhante ao de um inseticida químico.

Pesquisadores do curso de biologia da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) descobriram uma planta típica do Nordeste capaz de combater o Aedes aegypti. O estudo pioneiro, que iniciou em 2013 e segue em fase experimental, comprovou a eficiência do ‘pinhão roxo’ para eliminar as larvas do mosquito.

Chá do pinhão roxo mata as larvas do mosquito (Foto: Divulgação/Uespi)

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Durante a pesquisa, larvas do mosquito foram colocadas no chá da planta, em diferentes concentrações, feito a partir de folhas ressecadas. Em contato com a substância, os mosquitos em fase inicial morreram em dois ou três dias, antes mesmo de chegar na frase adulta, comprovado o teor tóxico do pinhão roxo.

Para a professora doutora Francielle Aline Martins, coordenadora do projeto ‘Atividade larvicida de Jatropha para Aedes aegypti’, o resultado na primeira etapa da pesquisa é bastante animador no combate ao mosquito, especialmente porque o chá da planta conseguiu matar na mesma proporção que um inseticida químico, como o nilbezuron utilizado pelos agentes de endemias.

“A ideia da pesquisa iniciou em 2013, com a intenção de avaliar a eficiência do pinhão roxo na eliminação do Aedes aegypti. Tudo começou antes mesmo deste surto por conta do zika vírus, até porque nossa preocupação era somente com a dengue, em pensar formas de tentar ajudar no combate a esta doença. Sabíamos que a melhor maneira de combatê-la era eliminando o vetor, no caso o mosquito”, explicou a coordenadora do projeto.

De acordo com Francielle Aline, o uso da planta como bioinseticida pode ser mais eficiente do que um inseticida químico, já que ele é natural. Na segunda etapa da pesquisa, com previsão de conclusão até agosto de 2016, a professora espera avaliar o risco ambiental do chá do pinhão roxo.

Participantes da pesquisa em laboratório da Uespi (Foto: Catarina Costa/G1)
Participantes da pesquisa em laboratório da Uespi (Foto: Catarina Costa/G1)

“Nossa preocupação agora é com a segurança ambiental. Apesar dos bons resultados na primeira etapa da pesquisa, não orientamos ninguém sair tomando o chá ou espalhando ele pelo ambiente, até porque não sabemos o seu risco toxicológico. O segundo passo agora é avaliar o risco do pinhão roxo em cebolas e moscas, especialmente neste última espécie por ter o controle genético parecido com o do ser humano. Vamos descobrir se esta substância é capaz de causa mutações genéticas”, alertou.

Pesquisa
A primeira parte do estudo larvicida foi desenvolvido através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) da Uespi, entre os anos de 2013 e 2014. Foram avaliados ainda o látex e o óleo das sementes dos três tipos de planta da mesma espécie, o pinhão roxo, manso e o bravo.

O bolsista Rafael Silva e os colaboradores Maria Wlly Costa e Wallace Baldez realizaram o trabalho de coleta das plantas, extrato do látex e criação do mosquito. Durante dois anos, os estudantes de biologia desenvolveram um composto alternativo e menos danoso que o inseticida químico utilizado atualmente pela Secretaria de Saúde.

Participantes da pesquisa da Uespi que inicou em 2013 (Foto: Catarina Costa/G1)
Participantes da pesquisa da Uespi que inicou em 2013 (Foto: Catarina Costa/G1)

“Foi um trabalho árduo, mas gratificante, principalmente agora que sabemos de tantas doenças transmitidas pelo mosquito. É uma satisfação para todos que ajudaram nesta pesquisa descobrir uma forma de combater o Aedes e mostrar este resultado para a sociedade no momento de surto como esse”, declarou Rafael Silva.

Felizes com o estudo, os voluntários do projeto Maria Wlly e Wallace Baldez lembraram dos dias em que abdicaram das saídas para desenvolver a pesquisa. Com o apoio do professor doutor Reginaldo Roriz, do Núcleo de Tubologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), os alunos puderam manter o criadouro do mosquito e analisar o efeito nas larvas.

“Nós três nos revezamos para alimentar os mosquitos, depois para eclodir os ovos e acompanhar a reação do chá de pinhão roxo nas larvas. É um resultado compensatório e somente ao concluir esta primeira etapa vimos a importância maior da pesquisa para combater tantas doenças”, comentaram.

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