“Passei 15 dias tomando só suco”, diz Caio Blat sobre personagem de filme

Caio Blat com a protagonista, Clara Gallo, em cena de Califórnia (Foto: Divulgação)

Caio Blat estará nos telões do Festival do Rio, nesta segunda-feira (05), na première do longa Califórnia, estreia de Marina Person na direção, em sessão só para convidados no Cinépolis Lagoon. No filme, que se passa na década de 1980 em São Paulo, ele será Carlos, o tio ídolo da protagonista Estela (Clara Gallo), uma adolescente de 17 anos às voltas com o amor, sexo e música. Ela sonha em visitar o tio na Califórnia, mas tudo muda quando o personagem de Caio desembarca no Brasil magro e doente. “Em nenhum momento fica claro que ele é gay e nem mesmo o nome AIDS dito. Estela tem uma família careta e o tio é um doidão que foi para os Estados Unidos, escreve sobre rock nas revistas, é uma espécie de artista e existe uma leve insinuação de que ele seja gay. Então ele sai totalmente do padrão da família e vira ídolo da garota”, diz Blat, que no alto de seus 35 anos, não viveu a década de 80, mas pegou toda a rebarba depois de 20 anos de ditadura, as primeiras experiências sexuais em tempos de AIDS, o pós-punk e do rock brasileiro que desabrochava.

Cena de Blat como Carlos, já doente, ao lado de Estela (Clara Gallo) (Foto: Divulgação)

“Eu era criança na década de 80 e descobri o mundo nos anos 90. Mas me lembro muito desse clima pós-punk, hippie e a chegada da AIDS. Para nossa geração a festa acabou e a liberação sexual brochou. As pessoas tinham que usar camisinha, era uma paranoia. Por um lado era muito chato ter que usar camisinha, mas ao mesmo tempo tinha que ser, porque perdemos ídolos como Cazuza e Caio Fernando Abreu. Hoje em dia isso mudou, porque as pessoas vivem mais tempo com o vírus e as campanhas desaceleraram, erroneamente”, diz.

Cena de Califórnia (Foto: Divulgação)

Caio ainda estava gravando Joia Rara, como Sonan, um monge budista do Nepal, quando foi convidado por Marina para a produção, em meados do ano passado. “Estava com a cabeça raspada e bem magro. Mas, mesmo assim, passei uns 15 dias tomando só suco e emagreci mais 5 quilos”, conta ele, que se inspirou no personagem de Matthew McConaughey em Clube de Compra Dallas, que rendeu a estatueta de melhor ator no Oscar 2014. “Foi coincidência porque o filme tinha acabado de entrar em cartaz e achei a atuação do Matthew alucinante. Foi um p*** desafio tudo aquilo que ele emagreceu. Fiz totalmente inspirado nesse trabalho. Hoje estou com 64 quilos e, na época, estava com 53”.

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O projeto nasceu de um argumento de Marina escrito com três amigas da época de escola e mais tarde desenvolvido com os roteiristas Mariana Veríssimo e Francisco Guarnieri.  “Minha motivação foi contar o que minha geração viveu do ponto de vista de uma garota de 17 anos.”, explica Marina, que como boa apreciadora de música, caprichou na trilha de 22 canções com The Cure, David Bowie, New Order, The Smiths, Echo and The Bunnymen, Joy Division e as brasileiras Titãs, Paralamas, Metrô e Kid Abelha.

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