Uma operação de combate à caça ilegal de animais silvestres aconteceu nos entornos do Parque Nacional Serra da Capivara, no Sul do Piauí, e resultou na prisão de 21 pessoas em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Um local que seria um posto de fabricação para produzir armas artesanais para utilização da prática ilegal foi encontrado. Ao todo, foram apreendidas na Operação Cangaceiros 28 armas de fogo – 27 delas próprias para a caça -, 41 aves e 39 carcaças de animais silvestres. A operação foi encerrada na última sexta-feira (15).
Também como resultado da Operação, foram apreendidas 50 armadilhas (dos tipos ratoeira, arataca, espeto, alçapão, ‘tatuzeira de tela’ e ‘espingardinhas’), 3 motocicletas que estavam sendo usadas na prática dos crimes citados, três cães de caça e uma motosserra. Além disso, 25 multas foram aplicadas, 12 pela Secretaria do Meio Ambiente do Piauí e 13 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As punições foram aplicadas por crimes de manutenção ilegal de animais silvestres – a maioria das vezes em péssimas condições -, maus-tratos, matar animais silvestres e ter em depósito animais silvestres abatidos, além de uma por comércio ilegal de plantas silvestres (cacto).
O professor Cinéas Santos, acompanhou a operação e esteve no jornal do Piauí nesta segunda-feira (18), onde falou sobre essa prática de caça que é proibida, mas que infelizmente é um costume arraigado na cultura. “É terrível e constante. Para se ter uma ideia, foi apreendido um tamanduá mirim conhecido na região como mambira ou lapixo’, que é ameaçado de extinção. Foi apreendido em São Raimundo Nonato em um restaurante para ser vendido como um prato exótico. Isso é comum, e é uma satisfação ‘mau sã’ em consumir um prato sabendo que aquilo é proibido. É um desejo de ser contraventor, para contar vantagem depois”, observou o professor.
Segundo a Semar, a Operação Cangaceiros foi a maior já realizada na região e foi realizada em cinco municípios que compõem o Parque; São Raimundo Nonato, Coronel José Dias, João Costa, Tamboril do Piauí e Brejinho do Piauí. O Gerente de fiscalização da Semar, Renato Nogueira, disse em entrevista hoje ao Jornal do Piauí que o objetivo é coibir essa prática. “Esses animais muitas vezes vão para as mesas como um troféu e as pessoas não tem noção do risco que correm, primeiro por ser uma prática criminosa e segundo porque esses animais podem transmitir doenças, que muitas vezes não são conhecidas pela população. Existem avançados que demostram que o tatu é capaz de provocar inúmeras doenças
De acordo com Renato, todos os detidos foram conduzidos pela polícia. “Pra surpresa da nossa equipe, quatro delas já eram reincidentes, então normalmente quando são presos pela primeira vez com algum animal silvestre, se paga um fiança e a pessoa é solta. Mas esses quatro foram encaminhados para o presídio e estão lá ainda presos”, explicou o gerente.
Renato acrescentou: “As multas foram no valor de R$ 44 mil. Quem tem uma caça em casa, um animal silvestre, seja ele vivo ou morto, está sujeito a essa multa. Se a animal for ameaçado de extinção, a multa é R$ 5 mil por animal. Se não for ameaçado de extinção, a multa é de R$ 500, por unidade ou fração do animal. Assim como a multa também vale para qualquer vestígio ou parte do animal que seja, com o couro ou a carcaça”
O gerente disse ainda que uma pessoa foi apreendida por retirar flora em local proibido. Ela foi apreendida em posse de 42 cactos silvestres conhecidos como coroa de frade. “Ela retirou 42 cabeças de frade e foi autuada também”.
Lyza Freitas
cidadeverde.com