Sabe aquela sua tia que enche o grupo de WhatsApp da família com “notícias” pra lá de suspeitas? Ela não está sozinha.
O fenômeno das “fake news” (notícias falsas com alta capacidade de viralização) foi tão impactante que a Universidade de Oxford elegeu “pós-verdade” como a palavra do ano de 2016. Ela se refere a essas informações tratadas como verdade só por seu apelo emocional, independentemente de serem comprovadas com fatos concretos.
AS CONSEQUÊNCIAS DESASTROSAS
O impacto não é sentido apenas na esfera política. As fake news também podem causar verdadeiras tragédias em figuras privadas, de repente envolvidas em informações errôneas que geram comoção pública. Em maio de 2017, sete pessoas foram linchadas numa aldeia da Índia após a circulação de uma notícia falsa de que elas raptavam crianças. Em 2014, no Guarujá (SP), nas mesmas circunstâncias, uma mulher também foi linchada até a morte após ser confundida com uma sequestradora de crianças.
As grandes empresas de tecnologia já estão desenvolvendo ferramentas para dificultar a vida das fake news. O Google anunciou que irá bloquear um de seus tipos de publicidade automática em sites ou canais do YouTube que fizerem esse tipo de “jornalismo”. E também irá minimizar as chances de esses sites ou canais serem encontrados pela busca. Já o Facebook está oferecendo, em alguns países, uma ferramenta que avisa ao usuário que ele está lendo uma notícia com fonte pouco confiável.
O estudo, que foi publicado no jornal científico Science, constatou que as notícias falsas (fake news) se propagam mais rápido do que as verdadeiras: elas têm 70% mais chance de serem compartilhadas e levam seis vezes menos tempo, em média, para alcançar os primeiros 1.500 leitores no Twitter, rede social cujo tráfego foi analisado pelos pesquisadores.
Os cientistas reuniram todos os temas abordados, nos últimos dez anos, por seis sites e agências de checagem de informações dos EUA: Snopes, Politifact, Factcheck, Truth or Fiction, Hoax Slayer e Urban Legends. Em seguida, foram ao arquivo do Twitter e localizaram todas as mensagens relacionadas àqueles assuntos. Eram rumores e notícias falsas sobre política, economia e ciência, envolvendo assuntos como as eleições presidenciais nos EUA, os ataques terroristas de 2015 em Paris e conspirações pseudocientíficas sobre diversos temas.
Ao todo, o estudo analisou 126 mil posts contendo rumores e notícias falsas, que foram compartilhados por 3 milhões de pessoas nos EUA. Os posts que continham fake news também foram analisados por um software, que foi alimentado com 140 mil palavras e é capaz de estimar os níveis de oito emoções -raiva, medo, antecipação, confiança, surpresa, tristeza, alegria e desgosto- em cada tuíte. Os posts relacionados a fake news apresentaram maior teor emocional, e inspiraram mais surpresa e desgosto nas pessoas. Os usuários que compartilham notícias falsas são mais solitários: costumam ter menos seguidores, e seguem menos pessoas também.
Fonte: super.abril.com.