O Leão “se soltou “
Década de 1980, era normal pelo menos duas vezes por ano aparecer um Circo em São Raimundo Nonato. Esses pequenos circos que se apresentam por todo interior do nordeste. A cidade, carente de diversão, essas atrações por muitas vezes era a diversão de muita gente. Naquele tempo era normal esses circos terem leões, tigres, macacos, que ficavam na entrada, dentro de jaulas. Era o chamativo. Era difícil uma noite de espetáculo com cadeiras e arquibancadas vazias. O circo era o passeio de família, era o ponto de encontros de casais de namorados apaixonados. Era o point.
Como contei antes, ali próximo ao açougue municipal era apenas um terreno baldio, um lixão. Existia, onde é o poliesportivo e a Uespi, apenas o Centro Social. Era ali que os Circos ficavam. Pois bem, numa bela noite, num circo montado ali, com as arquibancadas lotadas, tudo corria normal. O que as pessoas não sabiam é que, ao mesmo tempo, um caminhão sem freio desgovernado descia o “corte”, do Galo Branco. O caminhão, em alta velocidade, passou pela Praça do Relógio, pelo Mercado Municipal, parando somente depois de bater nas grades que cercavam o circo.
O barulho da batida foi tão grande que todos se assustaram, mas ao mesmo tempo ficaram sem entender o que tinha acontecido. As luzes do circo se apagaram, ficou aquele breu, aquele silêncio ensurdecedor. Pessoas pegavam não mão do outro e diziam baixinho: e agora? Foi aí que do nada um “gaiato” gritou: O LEÃO SE SOLTOU!
Começou uma correria, era menino chorando e gritando pela mãe, mulher dizendo amava marido, aleijado que conseguiu correr. Em questão de minutos não tinha sequer mais uma alma viva dentro desse circo. Todos conseguiram sair.
Alguns machucados. Mas para o bem de todos, o leão continuava preso na jaula.
Alguns vão pensar essa história é mentira. Claro que aumentei um pouco, mas ela existiu. E ela faz parte dos 108 anos de São Raimundo Nonato.
.Acervo fotográfico de Pedro Nolasco e Ocilma Macêdo