Nada melhor do que substituir o açúcar por adoçantes, certo? Nem sempre
Embora muitas pessoas façam essa troca para ajudar na perda ou no controle do peso, vale destacar que, se consumido em excesso, o adoçante pode oferecer riscos à saúde.
Além disso, existem diferentes tipos de adoçantes e é importante conhecer as particularidades de cada um antes de incluí-los na dieta.
Abaixo você confere as principais informações sobre diferentes tipos de adoçantes, seus benefícios, os ricos do uso excessivo, mitos e verdades em torno do consumo.
O que é adoçante?
A nutricionista Cláudia Sena explica que o adoçante é um produto que geralmente vem do petróleo ou de alguma reação química. De acordo com ela, esses produtos são constituídos a partir de edulcorantes que têm a capacidade de adoçar mais do que o açúcar normal.
Diferentes tipos de adoçantes
Divididos entre os tipos naturais e os artificiais, os adoçantes podem, sim, trazer benefícios à saúde, quando consumidos da maneira correta. Tatiana Brizida, nutricionista da PronoKal (Brasil), explica quais são as diferenças entre os principais adoçantes:
Acessulfame-K
É um edulcorante artificial derivado do ácido acético. Não é metabolizado pelo organismo e possui sabor doce facilmente perceptível, até 200 vezes maior do que o do açúcar. Porém, em grandes doses, deixa gosto residual amargo. Não afeta a glicemia, não causa efeitos tóxicos ou cáries, destaca Tatiana.
Aspartame
A substância é o resultado da combinação entre os aminoácidos fenilalanina e o ácido aspártico. Tem sabor doce de até 200 vezes mais que o do açúcar e deixa sabor residual. Possui 4 calorias por grama. Segundo a Anvisa, a fenilalanina liberada pelo aspartame não representa risco à saúde, mas ele deve ser evitado por pacientes com fenilcetonúria, assim como todos os alimentos que possuem fenilalanina, diz a nutricionista Tatiana.
Ela acrescenta que esse tipo de adoçante não deve ser levado ao fogo, mas pode ser usado em bebidas quentes. Serve bem como adoçante de mesa e pode ser adicionado a receitas de sobremesas frias e a produtos lácteos.
Sacarina
É um adoçante artificial derivado do petróleo. Não é metabolizado pelo organismo e possui sabor residual amargo e metálico, devido às impurezas que contém. Tem poder adoçante 500 vezes maior que o do açúcar. Não possui calorias, explica Tatiana Brizida.
Ainda de acordo com a profissional, seu consumo é liberado pela Anvisa e FDA (agência americana de controle de alimentos e remédios). No Canadá, é proibido devido a estudos que comprovam malefícios, como indução ao câncer.
Estévia
É extraído das folhas da Stévia Rebaudiana Bertoni, planta originária da América Latina. Não fermenta e nem causa cáries. Apresenta sabor doce prolongado, com poder adoçante de 100 a 300 vezes maior do que o do açúcar. É estável em altas temperaturas, diz a nutricionista Tatiana.
Ela acrescenta que qualquer pessoa pode consumir os adoçantes com 100% de estévia. Mas é importante observar, ainda de acordo com a profissional, que a maioria das marcas comercializa a estévia em associação com o ciclamato e a sacarina.
Xilitol
É um poliálcool encontrado em frutas, vegetais e cogumelos com ação anticariogênica. Tem poder adoçante similar ao da sacarose. Possui valor calórico de 2,4 calorias por grama, e efeito laxativo com doses maiores que 60g por dia. A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) não estabeleceram um limite para ingestão máxima diária, explica Tatiana Brizida.
Ainda de acordo com a nutricionista, o xilitol atua como conservante mesmo em baixas doses, por ter elevada estabilidade. Não sofre reações de escurecimento, sendo benéfico para a indústria na produção de alguns alimentos. Possui valor elevado devido à dificuldade de extração dessa substância, acrescenta.
Frutose
É um tipo de açúcar extraído das frutas e do mel, sem reações químicas. Seu sabor doce é acentuado, sem deixar gosto residual, com poder adoçante 173 vezes maior que o do açúcar. Possui 4 calorias por grama. Quando aquecida, a frutose carameliza, dando liga às receitas, sem perder seu poder adoçante, destaca a nutricionista Tatiana.
Sucralose
É obtido por meio do processo de inversão da molécula de sacarose. Não apresenta sabor residual amargo ou metálico, não causa cáries ou câncer e é atóxico. Não é metabolizado pelo organismo, sendo excretado pela urina. Tem sabor doce acentuado e não residual, poder adoçante de 400 a 800 vezes maior que o do açúcar. Não possui calorias e é resistente a altas temperaturas, explica Tatiana Brizida.
Qual é o melhor tipo de adoçante para o consumo?
De acordo com a nutricionista Tatiana, todos os adoçantes podem ser utilizados se forem respeitadas as doses recomendadas. Porém, as melhores opções para consumo na forma de adoçante de mesa, a meu ver, seriam a sucralose pois tem um poder adoçante elevado se comparado aos outros edulcorantes, sem deixar sabor residual e a estévia, por apresentar sabor doce prolongado e não residual, diz.
Mas, enfim, os adoçantes são mesmo uma boa opção para substituir o uso de açúcar?
Segundo Tatiana Brizida, é possível considerar o adoçante uma boa substituição para o açúcar na alimentação. O açúcar não é um vilão, mas atualmente é consumido em excesso e junto com uma alimentação desregrada. Devido a esses fatores reunidos, pode-se dizer que o uso do adoçante em quantidades recomendadas está associado à melhoria da qualidade de vida, destaca.
A nutricionista Cláudia explica que, a princípio, os adoçantes foram desenvolvidos para substituir o açúcar na alimentação de diabéticos. A dica é intercalar os tipos de adoçantes. Tente fazer um rodízio, por exemplo: ingerir açúcar, frutose, stévia, açúcar mascavo, mel. O consumo saudável de adoçantes é possível quando o alimento é ingerido apenas quando necessário e em pequenas quantidades, acrescenta.
Ainda de acordo com Cláudia, o ideal dentro da dieta é sempre optar por tudo mais natural, se possível não adoçar com nada.
Consumo excessivo de adoçantes
Alguns estudos apontam malefícios associados ao uso excessivo de adoçantes. A sacarina é proibida no Canadá e o ciclamato, nos Estados Unidos e Japão, onde pesquisas feitas com camundongos constataram o aumento do risco de câncer, diz Tatiana Brizida.
Esses dados não foram reproduzidos em humanos e as doses utilizadas foram bem aquém da ingestão máxima permitida diária. No Brasil, em 2007, houve diminuição das doses máximas permitidas das substâncias sacarina e ciclamato, pela Anvisa. Desta forma, devemos seguir as recomendações estipuladas com base na toxicidade da substância, para não oferecer riscos à saúde, acrescenta a nutricionista Tatiana.
4 mitos e verdades sobre adoçantes
Abaixo você confere as respostas para as dúvidas mais comuns sobre o assunto:
1. Gestantes podem ingerir adoçantes?
Segundo as evidências atualmente disponíveis, o aspartame, a sucralose, o acessulfame e a stévia podem ser utilizados com segurança durante a gestação.
Ainda não existem dados conclusivos sobre a relação entre o consumo de adoçantes pelas grávidas e má formações fetais, afirma Cláudia Sena. Mas é importante destacar que esse período exige uma alimentação equilibrada, de preferência, com todos os alimentos na sua forma mais natural possível.
2. Crianças podem ingerir adoçantes?
A nutricionista Cláudia explica que não há nenhum estudo conclusivo sobre o uso de adoçantes por crianças. Mas é bom lembrar que a melhor opção são os produtos mais naturais, sem adição química. Sobretudo as crianças diabéticas podem fazer uso dos adoçantes, sempre com orientações nutricional e médica adequadas, acrescenta.
3. Adoçante engorda?
Cláudia Sena destaca que não há nenhuma forte evidência clínica de causalidade a respeito do uso de adoçantes artificiais e os efeitos na saúde metabólica. Mas é importante observarmos que existem possíveis contribuições desses adoçantes artificiais para o aumento global da obesidade e, inclusive, do diabetes, afirma a especialista. Por esse motivo, é fundamental o acompanhamento nutricional.
4. Adoçantes naturais x adoçantes artificiais
De acordo com o co-fundador e presidente da Nutrition Science Initiative (NuSI), de San Diego, na Califórnia, Peter Attia, desde a sua invenção ou descoberta em 1965, não há um único caso bem documentado de danos crônicos devido à ingestão de aspartame.(
) Uma possível exceção pode estar em uma das raras pessoas com fenilcetonúria (PKU). Tais pessoas não têm uma enzima necessária para metabolizar um produto da decomposição do aspartame.
Quanto à stevia e outros adoçantes naturais, Attia diz que a mesma lógica se mantém, exceto que não temos dados tão extensos sobre eles, porque a maioria deles não está em nossas mesas há tanto tempo quanto o aspartame. No entanto, até a data, não existem dados que liguem essas substâncias a doenças.
Portanto, desde que consumidos dentro das quantidades diárias recomendadas e conforme orientação de um (a) nutricionista, os adoçantes não deverão oferecer riscos à saúde. E poderão, ainda, ser bastante úteis em uma dieta de perda ou manutenção de peso.
Fonte: Dicas de Mulher