O governador Wellington Dias (PT) reagiu ao posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, que mandou cancelar a compra da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, da farmacêutica chinesa Sinovac. O acordo foi anunciado ontem pelo ministro da saúde, Eduardo Pazuello, durante reunião com governadores. A expectativa era que 46 milhões de doses fossem adquiridas pelo governo federal junto ao estado de São Paulo. Para Wellington Dias, que preside o Consórcio Nordeste, a pactuação realizada nesta terça-feira (20) não pode ser jogada na lata do lixo.
“Não podemos jogar na lata do lixo o importante momento de pactuação que tivemos ontem. Foi um dia em que líderes da Câmara, Senado, a equipe do próprio ministro representando o governo do presidente Bolsonaro, governadores do Brasil inteiro; os municípios, da nossa ciência, ou seja, uma construção que ficou como histórica na palavra de todos”, afirmou o governador, ressaltando que o momento deixou de lado as divergências políticas.
“Independente de partido, de governo ou partido da oposição, deixando de lado as disputas. Ali construímos uma proposta pensando na vida, pensando em salvar vidas, pensando no povo brasileiro e assim saímos com a garantia do ministro Pazuello e da sua equipe que fez questão de frisar que falava ali em nome do Presidente da República”, destacou.
Segundo o governador, ficou garantida a opção de comprar a primeira vacina que ficar pronta, vacina esta produzida no Brasil.
“Estamos falando de vacina produzida no Brasil, vacina da Fiocruz, vacina do Butantã, ou seja, garantir que a gente já tenha as condições por parte da Anvisa de fazer uma modelagem que permite já ir em cada etapa sendo avaliada para logo após a terceira fase, se ter as condições rápidas da autorização”, destaca.
Wellington Dias lembrou que o Brasil registra por dia até 700 mortes por covid-19, realidade que não pode ser vista como natural.
“Cada dia nós estamos aqui tendo 500, 600, 700 mortes no Brasil pelo coronavírus. Não é razoável que a gente veja como natural, pois tem jeito, se não tivesse jeito, o que fazer? Mas tendo jeito, a gente podendo salvar vidas: 15 mil, 18 mil, 20 mil vidas a cada 30 dias. Não é razoável que a gente não tenha essa maturidade”, ressaltou.
O presidente do Consórcio de governadores do Nordeste voltou a defender a permanência do acordo feito ontem, com a possibilidade de vacinação em massa já no mês de janeiro.
“Eu estou aqui defendendo que a gente tenha o cumprimento daquilo que foi traçado ontem, ou seja, a compra já de 46 milhões de doses de vacina que vão ficar prontas agora pelo Instituto Butantã em condições de a gente já ter a aplicação a partir do mês de janeiro ou fevereiro. Queremos participar colocando recursos humanos na distribuição, segurança, armazenagem, garantir uma operação em 31 a 50 mil postos de vacinação para salvar vidas”, declarou.
Ainda de acordo com o governador, a disputa política precisa ser colocada de lado pelo bem da população.
“É esse apelo que eu faço como líder representante do Nordeste, do povo do meu estado, e faço esse apelo a todas as lideranças: que a gente coloque a disputa política de lado e coloque o interesse maior do nosso povo na frente, em primeiro lugar”, finalizou.
Foto: Isac Nobrega/PR
O que disse Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que mandou “cancelar” o protocolo de intenções assinado ontem pelo Ministério da Saúde para a aquisição de 46 milhões de vacinas da farmacêutica chinesa Sinovac. Bolsonaro destacou que está “perfeitamente afinado com o Ministério da Saúde trabalhando na busca de uma vacina confiável”.
Segundo o presidente, qualquer afirmação fora deste sentido seria “especulação” e “jogo político”.
“Nada será despendido agora para compraremos uma vacina chinesa, que desconheço, mas parece que nenhum país do mundo está interessado nela. Pode ser que tenha algum país aí. Agora, as vacinas tem que ter comprovação científica, diferente da hidroxicloroquina”, declarou.
Hérlon Moraes (Com informações do Estadão Conteúdo)