Não basta ganhar a Mega Sena, é preciso atenção ao aplicar

O garçom, o vendedor, e o aposentado e o investidor profissional têm algo em comum neste final de ano, e não é a cor da roupa que irão usar na noite de réveillon. Todos sabem como vão gastar a bolada da Mega da Virada caso sejam um dos sortudos a acertar as seis dezenas que serão sorteadas na noite do próximo dia 31. Mas ficar milionário da noite para o dia pode não garantir a bonança para o resto da vida se o dinheiro não for bem gerido. Sim, acredite, há casos de quem passou por isso e em poucos anos estava sem dinheiro algum.

A baixíssima probabilidade de se ganhar a sorte no jogo parece inversamente proporcional às chances de perdê-la imediatamente depois. Setenta por cento dos sortudos que enriquecem com a loteria não têm mais nada em poucos anos, segundo a associação americana National Endowment for Financial Education (NEFE).

Na Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, há a história do sujeito que ganhou invulgares US$ 315 milhões na loteria em 2002 para, quatro anos depois, se ver sem tostão nem família. No Brasil, um desses lacrimosos programas dominicais da TV contou outro dia o infortúnio de um senhor que, nos anos 80, colocou no bolso uma bolada lotérica equivalente a R$ 30 milhões. Hoje, é flanelinha.

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Para não ser mais um desses tristes casos no futuro, quem amanhecer milionário no dia 1º de janeiro, com mais de R$ 200 milhões em prêmio, poderá se dar a muitos luxos, menos um: gastar como se não houvesse amanhã. A sorte impõe a disciplina dos que passam a ter muito a perder.

Antes de sair correndo atrás de uma calculadora para decidir onde colocar o dinheiro, é preciso vencer um desafio dentro da própria cabeça, observa Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro e especialista em investimento do banco Ourinvest. Ele recomeDurante esse sacrifício, o vencedor da Mega da Virada deve buscar educação financeira. Afinal, ter dinheiro dispensa trabalhar, mas também dá trabalho. Completada essa etapa, aí, sim, é hora de pensar onde colocar o dinheiro. A diversificação é sagrada.

SONHOS DOS APOSTADORES

O aposentado Macir Alves, de 75 anos, aposta na Mega da Virada desde 2009 e, entre os planos que tem para esse dinheiro, caso ganhe, alguns são voltados para ações beneficentes. Mas também há a preocupação de fazer esse dinheiro render.

— Com esse prêmio de R$ 200 milhões, eu iria ajudar uma igreja no Centro do Rio que está precisando de umas reformas. Montaria um asilo para idosos em Saquarema, onde vivi durante muitas anos. Iria ajudar os irmãos, conhecer o mundo e aplicar na melhor operação financeira possível para que, se possível, rendesse um pouco mais — conta Macir.

Já Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoas físicas da Bolsa brasileira, iria continuar fazendo mais do mesmo, ou seja, investir em ações. Para ele, a diversificação seria entre as empresas escolhidas, e não entre modalidades diferentes de investimento, como fundos, títulos públicos e outros ativos.

— Compraria minha tranquilidade colocando esse dinheiro na mão de gestores competentes e que aplicariam tudo em ações. E eu também busco empresas que sempre pagam bons dividendos, que será minha renda proveniente dessa aplicação — diz, acrescentando que a bolada iria para a compra de papéis da fabricante de papéis e celulose Klabin e para a Taesa.

Mas, como o brasileiro tem pouco hábito em investir, a maior parte dos desejos em torno do prêmio da Mega da Virada envolve a compra de bens ou serviços. Ou pendurar as chuteiras.

— A primeira coisa que eu faria seria guardar metade para a minha aposentadoria, principalmente agora com essas mudanças nas regras que estão sendo propostas. Além disso, trocaria de apartamento e compraria um carro novo — conta Heitor José, de 56 anos, que trabalha como inspetor na Comissão de Valores Mobiliários.

Para o vendedor Robson Freitas, de 52 anos, com o dinheiro ele iria ajudar os mais próximos e garantir uma educação melhor aos filhos:

— Primeiro eu avisaria minha família e tentaria ajudar os mais próximos. Depois disso, apenas aproveitaria o conforto e a vida. Investiria na melhor educação possível para os meus dois filhos, de 16 e 22 anos, faria uma bela casa em um condomínio fechado por conta da segurança. Viajaria bastante, amo viajar. E investiria parte do dinheiro em franquias de alimentação, por exemplo. Além de aplicações financeiras.

Sair do Brasil também faz parte dos sonhos dos apostadores.

— Iria sair do país, sem dúvida. Pegaria minhas malas e me mudaria para os Estados Unidos. Com o dinheiro, daria entrada na regularização dos documentos para permanecer legalmente no país. Eu também compraria um carro, um apartamento e ajudaria a família. Com o restante, que não é pouca coisa, procuraria um banco para ser orientado sobre qual o investimento mais seguro e rentável para aplicar o prêmio — conta o garçom José Júlio, de 48 anos.

 

 

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