A morte do traficante Flex Pereira Lacerda, de 41 anos, em São Paulo, foi o pano de fundo para o duplo homicídio ocorrido em São Raimundo Nonato, no dia 6 de fevereiro deste ano. Três pessoas foram presas e dois estão foragidos.
Segundo a Polícia Civil, Flex chefiava a família Branco, que atua em uma facção criminosa na região Sul do Piauí. Ele foi morto em dezembro de 2023, em um salão de beleza na cidade Osasco (SP). Ele era condenado por assalto a banco e chegou a cumprir pena no Piauí, mas conseguiu fugir e estava escondido em São Paulo. As famílias Branco e Marotos (ou Ciganos) disputam o comando de uma facção no Sul do Piauí.
Durante coletiva realizada nesta segunda-feira (19), a polícia informou que após o assassinato de Flex, uma investigação interna da facção revelou que a localização dele foi revelada por outro membro da organização, identificado como Netinho. Para vingar a morte de Flex, os Brancos tramaram a morte de Netinho.
Ele então teria sido atraído para São Raimundo Nonato, sobre o pretexto de efetuar a venda de uma arma. Netinho viajou até São Raimundo Nonato na companhia de Mauro e de uma adolescente (17 anos). A adolescente, segundo a polícia, seria utilizada como portadora da arma caso a dupla fosse flagrada com a pistola pela polícia.
Em São Raimundo Nonato os três foram recepcionados pelos irmãos de facção e hospedados em um hotel. No dia seguinte foram conduzidos por um homem identificado como Pilty, até a residência de Nenê, onde foram rendidos e amarrados.
“A intenção deles era fazer uma execução utilizando faca, que é o costume da facção. Uma execução com tortura e requinte de crueldade”, explicou o delegado Eduardo Aquino, do Draco, que coordenou a investigação.
Segundo o delegado, Netinho e Mauro foram então assassinados, e a menor foi poupada. Na ocasião, Nenê foi baleado acidentalmente e ao pedir ajuda em uma Unidade de Pronto Atendimento, disse o local onde ocorreu o disparo e lá a polícia encontrou os corpos.
Na investigação foram apontadas cinco pessoas como participantes dos crimes. Três delas já estão presas. São elas:
- Deilton dos Santos Dias (Nenê). Ele levou as vítimas até a casa em São Raimundo Nonato
- Everaldo Ferreira (Caçador). Executou as vítimas, responsável por degolar uma das vítimas. O homem é natural de Canto do Buriti e é apontado como “Disciplina da facção”. Estava foragido do Sistema Prisional desde 2017
Outros dois homens estão sendo procurados pela policial. São eles:
- Pedro Nonato Ferreira da Cruz Júnior (Pilty), que é apontado como mentor e executor do crime; segundo a Polícia Civil Pilty é perigoso e é apontado como executor de outros homicídios e teria, ainda, participação em roubo a bancos.
- João Victor Borges de Oliveira, 23 anos, conhecido como Baianinho ou Maguin, é apontado como executor do crime. Ele é procurado por participação em um homicídio ocorrido em Canto do Buriti.
Foto: SSP
Suspeitos que estão foragidos
Homicídios de São Raimundo Nonato e Avelino Lopes estão relacionados
Para a polícia, os crimes ocorridos no dia 06 de fevereiro em São Raimundo Nonato tem relação com os assassinatos registrados em Avelino Lopes, entre os dias 16 e 18 de fevereiro, e expõe uma disputa interna dentro da facção.
“A facção está rachada. Isso está ocorrendo aqui e em outros estados do país. É uma disputa interna por pontos de venda de drogas, que é a principal receita financeira das facções criminosas”, explicou o Eduardo Aquino.
Um dos mortos em Avelino Lopes Emerson de Sousa Santos, conhecido como Paçoca, é apontado como o número três na hierarquia da facção.
“Todos os casos estão interligados devido a essa guerra interna instaurada na facção. Depois da morte do Flex foi identificado que o Netinho teria dado a localização dele. O Pilty era muito ligado ao Flex e organizou a morte do Netinho. Após a morte do Netinho, o outro lado resolveu retaliar matando o terceiro na hierarquia dos Brancos, que seria o Paçoca, que foi morto em Avelino Lopes e, posteriormente, vieram mortes no outro lado. Essas mortes são sempre motivadas por retaliação entre os dois grupos”, finalizou o delegado.
Por Adriana Magalhães