Linha de frente: Médica relata como enfrentou os maiores desafios da profissão

Os atendimentos e transferências hospitalares são parte da rotina intensa da médica Mirelly Café.


Em todo o mundo, milhões de profissionais de saúde estão na linha de frente em um esforço diário para conter a propagação do novo coronavírus e para cuidar das pessoas doentes, enquanto colocam sua própria saúde em risco.

A médica Mirelly Café, de 28 anos, concedeu uma entrevista para o Saoraimundo.com relatando a rotina diária na profissão que tem como missão de salvar vidas.

“A nossa carga horária, muitos plantões seguidos e intensos, transferências de pacientes para outras cidades de referência, o estresse emocional são os fatores mais difíceis na rotina de trabalho”, detalha a médica.

Vivendo a crise da saúde na pele e lidando com todos os seus impactados, a profissional que atende na Unidade de Pronto Atendimento, no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Luzia, relata uma rotina de exaustão física e mental.

Com os elevados números de mortos pela Covid-19, a médica alerta também sobre a importância da vacinação como a única saída para evitar o caos completo.

Confira na íntegra a entrevista com a Drª Mirelly Café:

Em média, você realiza quantas transferências por mês?

Drª Mirelly Café: Geralmente faço de 2 a 3 plantões por semana e em torno de 10 transferências no mês. Já cheguei a fazer 2 transferências no mesmo dia, bate e volta para Floriano, cheguei em São Raimundo Nonato, só troquei de ambulância e fui para Oeiras.

Saoraimundo.com: Como é a tomada de decisão para as transferências?

Drª Mirelly Café: O médico plantonista decide transferir aqueles pacientes que necessitam de um suporte mais avançado, com médicos especialistas e UTI tanto covid e não covid, por exemplo: paciente TCE grave, HVC Hemorrágico, COVID com complicações, no geral, pacientes que evoluem para entubação e precisam de UTI.

Existe um prazo para a transferência?

Drª Mirelly Café: Quando conseguimos a vaga do paciente, temos até 24h para deixá-lo no seu destino. Ou seja, a vaga fica bloqueada para esse paciente, durante 24h.

Como é realizado o transporte desses pacientes?

Drª Mirelly Café: O transporte necessita de ambulâncias avançadas. Aquela ambulância UTI, que tem todo um suporte: ventilador, monitor, desfibrilador, medições em geral, kit entubação, kit maternidade. A equipe geralmente é com médico, enfermeiro e o condutor para realização do transporte até o hospital de referência.

Quais são as etapas do fluxo regulatório para a transferência?

Drª Mirelly Café: O paciente é colocado no site da Regulação do Piauí. A regulação verifica em qual hospital e cidade tem vaga, e dependendo de qual seja a vaga, o médico plantonista tem que fazer contato direto com a UTI, ou seja, se for paciente TCE grave entubado, o plantonista liga para as UTIs do Piauí. Confirmando a vaga, o plantonista solicita ambulância avançada para deslocar o paciente.

Mesmo diante de um cenário de escassez de vacinas contra a Covid-19, há pessoas que desistem de receber o composto após serem informadas sobre a marca do imunizante, qual recado você deixa para essas pessoas?

As vacinas foram o maior avanço da história da medicina. É muito importante a população tomar a vacina contra a COVID-19, não importa qual seja! Todas tem a eficácia comprovada. A intenção é diminuir os casos de contaminação e os casos graves, para assim, quem sabe, podermos voltar a ter “vida normal” sem medo, o mais rápido possível. Vacinas salvam vidas. Em nossa cidade, graças a Deus, estamos seguindo firme na vacinação. O recado que eu deixo é: Não escolha vacinas, tome a que estiver disponível, diz a médica.

A profissional é formada na Estácio de Sá- Rio de Janeiro, e atua na área covid desde o início da pandemia, em março 2020.

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