As irmãs Ingrid da Silva Castro e Agatha da Silva Castro, de 23 e 25 anos, presas no último domingo no aeroporto de Guarulhos tentando embarcar para Paris com capsulas de cocaína no estômago, já fizeram outras viagens ao exterior, de curta duração. A informação consta na decisão que converteu a prisão em flagrante das piauienses em preventiva nesta terça-feira (30).
No documento, o juiz federal Alexey Süüsmann Pere destaca que as viagens são incompatíveis com a situação econômica declarada pelas jovens. O magistrado ainda aponta que Ingrid e Agatha atuavam como “mulas profissionais” e que, se colocadas em liberdade, poderiam manter contato com o grupo criminoso no exterior que poderia acolhê-las.
“Também para garantia da ordem pública, em razão dos indícios de envolvimento das indiciadas em organização criminosa, entre eles as certidões de movimentos migratórios que apontam outras viagens ao exterior, de curta duração, incompatíveis com a situação econômica declarada por elas, a indicar sua dedicação ao crime como mulas profissionais, sendo concreto o risco de que tornem a delinquir”, diz o magistrado.
As irmãs foram presas em flagrante no último domingo tentando embarcar com drogas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Cada uma das jovens levava entre 600g e 800g de cocaína no aparelho digestivo.
Após a prisão, elas foram encaminhadas a um hospital para fazer a retirada do material do corpo.
Na decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva, o juiz Alexey Süüsmann Pere ainda requisitou que as justiças federal e estadual de São Paulo e do Piauí, além da Interpol, passem informações sobre eventuais registros criminais em nome das irmãs.
O Cidadeverde.com não conseguiu contato com a defesa de Agatha e Ingrid.
Pai assassinado
As duas irmãs são filhas de um homem assassinado no último dia 10 de fevereiro. A informação foi confirmada pelo diretor de inteligência da Secretaria de Segurança, delegado Anchieta Nery.
O pai das jovens, Clemilton Pereira Castro, foi morto enquanto dormia em uma rede no Parque do Sol, zona Sudeste de Teresina. Miltinho, como era conhecido tinha passagens pela polícia.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Dinâmica da prisão
Segundo o delegado Anchieta Nery a prisão das duas piauienses se deu pela polícia aeroportuária de São Paulo, que observou as duas jovens em “atitudes suspeitas”.
“A pessoa começa a ficar nervosa, agitada e isso chama atenção da Polícia”, explicou o delegado.
Questionado sobre a segurança do Aeroporto Petrônio Portela, em Teresina (PI), de onde a irmãs partiram com destino a São Paulo, o delegado diz acreditar que as jovens receberam a droga já em São Paulo. “A segurança aqui é efetiva. O Piauí não dispõe de aeroporto internacional, e a questão do tempo de deslocamento do Brasil até a França, nos faz acreditar que as mulas recebem a droga em Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Brasília, ou seja, de onde sai o vôo internacional”, disse
Durante o interrogatório preliminar, ainda no Aeroporto de São Paulo, as duas piauienses preferiram ficar em silêncio. “Ainda não sabemos se foi a primeira viagem das duas portando drogas e, nem como se deu o agenciamento para o tráfico internacional. Esse é um tipo de ação que é muito comum no Brasil, e está se tornando comum, também, envolvendo teresinenses”, explica o delegado.
Ingrid já era investigada pela venda de drogas, em Teresina, já Agatha não tinha envolvimento anterior com o cometimento de crimes.
Cada uma das jovens levava entre 600g e 800g de droga no aparelho digestivo. Segundo o delegado, a promessa que os traficantes costumam fazer pode chegar a até R$ 30 mil (entre 6 e 8 mil euros), mas na hora do pagamento isso pode não se concretizar.
“O que sobra para esses jovens, que fazem o trabalho de mula, é o processo na Justiça, a ficha manchada pelo crime de tráfico internacional de drogas, e em alguns casos a morte. Se uma cápsula dessas romper no estomago a pessoa precisa ser operada. Vão abrir a sua barriga para tentar salvar a sua vida. Se o rompimento se der longe de um hospital, como por exemplo em voo, o resultado é a morte. E muitas vezes a promessa aqui é um valor alto, mas quando chega na hora de receber o dinheiro o valor é bem menor”, alerta o delegado.
Natanael Souza e Adriana Magalhães