No meio da mata surgem torres de 139 metros de altura em linha reta de até 26 quilômetros, com operários apertando cerca de 12 mil parafusos na estrutura. As torres e a febril movimentação de montadores e outros operários fazem parte do cenário da construção do linhão de energia, que está sendo implantado em Bom Jesus, nos cerrados do Piauí.
O gerente de Obras do Linhão de Bom Jesus, o engenheiro Newton Pessoa Filho, da empresa São Pedro Transmissora de Energia, de Cuiabá (MT), afirma que o objetivo da obra é reforçar o sistema elétrico brasileiro levando energia do Estado de Tocantins para o Sul do Piauí.
Segundo ele, estão sendo implantadas duas linhas, uma de 230 KV (230 mil volts), com previsão para ser concluída em outubro de 2016, e uma de 500 KV (500 mil volts), com inauguração prevista para agosto de 2016.
O chefe de Obras do Linhão de Bom Jesus, o engenheiro Ednaldo Carlos da Silva, da empresa São Pedro Transmissora de Energia, informa que a linha 500 KV sai do município de Gilbués e vai até São João do Piauí e a de 230 KV sai de Gilbués e vai até o município de Eliseu Martins, passando por Bom Jesus, na subestação de energia, que está sendo iniciada. Esse linhão se liga à Linha Norte-Sul, que passa na cidade de Miracema do Norte (TO).
Existe um outro empreendimento, do Grupo Bengoa, que está interligando a Subestação de Energia de Miracema do Norte a Gilbués, no Piauí, e terminando na Bahia. “A linha vem de Miracema, em Tocantins, para Gilbués e de Gilbués até São João do Piauí”, adiantou Newton Pessoa Filho.
A energia transmitida pelo Linhão de Bom Jesus atende a uma população de 10 milhões de pessoas, equivalentes a três vezes a população do Piauí. “É energia suficiente para abastecer uma cidade com população de 10 milhões habitantes. Não é uma linha para suprir apenas Bom Jesus e São João do Piauí, é para melhorar a capacidade energética do Sul do Estado”, declarou o engenheiro Newton Pessoa Filho.
Maior potência energética vai incrementar produção do cerrado.
A Subestação de Energia Elétrica que está sendo construída em Bom Jesus vai receber a energia e rebaixar sua tensão de 230 KV para 13.8 KV com o propósito de distribuir para o consumo no Sul do Piauí.
“A vantagem é que a subestação distribuirá essa energia para o consumidor final e melhorar o fornecimento para as cidades do Sul do Piauí”, falou Newton Pessoa Filho.
Segundo ele, a tendência é que, com uma melhor distribuição de energia, aumente a produção de grãos e da pecuária nos Cerrados, bem como o número de indústrias e toda a produção agrícola.
O engenheiro residente das obras do Linhão de Bom Jesus, Jefferson Pereira, da empresa São Pedro Transmissora de Energia, falou que estão sendo instaladas torres estaiadas, que têm um pino e quatro cabos que as fixam no solo. Elas possuem 39 metros e as torres autoportantes têm quatro pés e possuem 68 metros de altura.
“Com a interligação da Subestação de Bom Jesus com a Subestação de Energia da Eletrobras Piauí, o sistema vai ser fortalecido para o abastecimento local”, falou Jefferson Pereira.
A Subestação de Energia de Bom Jesus vai custar R$ 90 milhões. O ápice de toda a obra é o município de Eliseu Martins e a energização está prevista para agosto de 2016.
De acordo com Jefferson Pereira, a Subestação vai garantir a distribuição de energia com qualidade para os municípios de Bom Jesus, Cristino Castro e Monte Alegre e fazer a interligação com Gilbués e Eliseu Martins, que atende os municípios de Colônia do Gurguéia e Canto do Buriti.
Obra tem 2 mil trabalhadores
As obras no Linhão de Bom Jesus começaram em abril deste ano, mas antes foram gastos oito meses na elaboração e discussões sobre os projetos. As obras do Linhão de Bom Jesus estão orçadas em R$ 800 milhões apenas no Piauí e hoje estão empregando diretamente 2 mil trabalhadores. São ajudantes, montadores, pedreiros, carpinteiros, encarregados, vigilantes, operadores de máquinas, tratoristas e motoristas.
O engenheiro Ednaldo Carlos da Silva afirma que a obra requer muita mão de obra braçal, já que são serviços de escavação e montagem de torres. “Os montadores têm que apertar os parafusos da torre, cada uma montada por 30 pessoas durante três dias de trabalho”, falou o engenheiro Ednaldo Carlos da Silva, que é natural da cidade de Altos.
Marlon Silva Saraiva, de Timon (MA) é encarregado de montagem de torres de transmissão de energia elétrica no Linhão de Bom Jesus e diz que enfrenta, sem medo, a montagem de torre de 139 metros de altura em cima de uma serra.
“A gente trabalha com segurança. Já trabalho com montagem há muito tempo e a atividade é deixar a torre pronta para lançar o cabo”, falou Marlon Silva.
O montador Jorge Orlando de Melo Araújo, do município de Piripiri, faz a revisão final apertando os parafusos da torre de transmissão de energia elétrica para o lançamento dos cabos. “A gente escala a torre, vai colocando o pé em cada estrutura até chegar. É uma escalada, tem que estar em forma porque as temperaturas são muito altas”, falou Jorge Orlando.
Texto e fotos: Efrém Ribeiro