R$ 13 milhões estão sendo aplicados em obra na Serra da Capivara

Museu em construção no Piauí movimenta economia do Sertão

A construção do Museu da Natureza nas imediações do Parque Nacional Serra da Capivara, zona rural do município de Coronel José Dias, é um dos maiores investimentos em ciência e cultura do interior nordestino.

Com orçamento superior a R$ 13 milhões, sendo cerca de R$ 11 milhões à fundo perdido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a obra tem previsão de inauguração para o próximo mês de dezembro de 2018. A iniciativa é da pesquisadora Niéde Guidon, 85 anos, coordenadora da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), instituição científica que desde a década de 1970 trabalha na área arqueológica de São Raimundo Nonato.

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Pesquisadora Niéde Guidon

Durante anos e anos de pesquisas multidisciplinares a grande quantidade de objetos descobertos pelos cientistas (fósseis, cerâmica, material lítico, material orgânico, etc) começaram a se acumular ao ponto que o famoso Museu do Homem Americano e seus laboratórios não teriam capacidade para mostrar todas as descobertas realizadas. Niéde fez essa reflexão 15 anos atrás e pediu que sua equipe elaborasse um projeto para a construção de um novo museu na região da Serra da Capivara, dessa vez totalmente voltado para a história natural. Daí nasce a ideia da construção do Museu da Natureza.

Da noite para o dia a arquiteta Elizabete Buco prepara um esboço e uma espécie de pré-projeto e começam as tratativas com o BNDES para que a instituição financeira estude a viabilidade de patrocinar a construção de um museu no sertão do Piauí. “Niéde queria que a ‘história’ contada no Museu fosse ‘avançando’ no espaço como avançou no tempo. Bete materializou o desejo de Niéde em um espiral. Assim surgiu o rabisco inicial que depois virou o projeto”, explica Rosa Trakalo, coordenadora de projetos da instituição científica.

Em 2008, dez anos atrás, Mônica Veloso, Diretora de Cultura do BNDES esteve na Serra da Capivara e viu toda a grandeza da região, a importância do trabalho de Niéde Guidon e se debruçou sobre os croquis e o projeto do Museu da Natureza. Logo, documentos, ofícios, planilhas, cálculos, estimativas, um projeto arquitetônico mais detalhado entre outros comprovantes foram solicitados. Finalmente em 2013 a Fundação Museu do Homem Americano assina o contrato com o BNDES e os primeiros recursos para a elaboração do projeto executivo (arquitetônico, estrutura, hidráulico, elétrico, etc.), foram liberados.

Rosa Trakalo, coordenadora de projetos da instituição científica.

Rosa Trakalo explica que se tratando de uma obra complexa, de mais de 4.000 m2 eram necessários outros profissionais para o elaborar o projeto executivo e o arquiteto Alcindo Dell’Agnesse, dono de um grande escritório de arquitetura de São Paulo foi contratado. O projeto arquitetônico foi realizado, assinado e registrado pela arquiteta Elizabete Buco em conjunto com o escritório Alcindo Dell’Agnesse Arquitetos Associados como coautores. Em 2017, a segunda parcela para a execução foi liberada e todos os processos de contratação foram realizados e as firmas contratadas.

As obras foram iniciadas no dia 27 de junho de 2017 e estão sendo executadas pela EMCIL Engenharia de Teresina. A exposição está sendo planejada e executada pela Magnetoscope, cujo Diretor e curador é Marcelo Dantas, autor de muitos outros trabalhos pelo mundo afora e aqui no Brasil mais conhecido pela exposição do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Ele também é o responsável pela mais recente exposição do Museu do Homem Americano. A expectativa agora é pela inauguração da obra marcada para o dia 8 de dezembro quando o sertão semiárido do Piauí terá motivos para comemorar com muito orgulho o que já vem sendo reconhecido como o “Legado de Niéde Guidon”.

BNDES aprova projeto

No final de 2013 o BNDES aprovou a concessão do apoio financeiro de R$ 13,7 milhões à Fundação Museu do Homem Americano, para construção e implantação do Museu da Natureza, no município de Coronel José Dias.

A operação aconteceu no âmbito do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (BNDES Procult), com recursos não reembolsáveis do Fundo Cultural do Banco. A participação do BNDES corresponde a 68% do valor total necessário para viabilização do projeto. O museu abrigará coleções de fósseis como animais da megafauna que não sobreviveram às mudanças climáticas ocorridas há cerca de 10 mil anos.

Também estarão em exposição fósseis de espécies exclusivas da região, enquanto outros são de animais que hoje só existem na Floresta Amazônica. Com dois pavimentos e uma área construída total de 4 mil m², o Museu da Natureza terá espaço de exposição, auditório, laboratórios, lojas, lanchonete, área reservada ao acervo, instalações administrativas e sanitários. Além dos objetos expostos, serão usados recursos de animação, fotografias, perspectivas digitais e interatividade, assim como projetores, computadores, sensores, telas de cristal líquido e plasma, instrumentos interativos, redes, sonorização, iluminação e sistemas de automação.

Aeroporto como exigência

Durante as tratativas para a liberação dos recursos para a obra, em determinado momento o BNDES exigiu que a Fundação Museu do Homem Americano conseguisse a homologação da pista do aeroporto de São Raimundo Nonato.

Para isso, foi necessário desenvolver uma série de ações como a construção da cerca e a iluminação exterior. Preocupada, Niéde não perdeu tempo e doou um prêmio financeiro que ganhou para que as ações fossem executadas. O Governo do Estado assumiu outras responsabilidades como a ampliação do espaço que fica entre a cabeceira da pista e a vegetação.

Por André Pessoa

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