“Empreender sem criatividade é burrice”, diz piauiense premiado em Cannes

O publicitário piauiense Samuel Normando, diretor de criação da Publicis Brasil, uma das maiores agências do mundo, defende a criatividade como saída para a atual situação de desemprego que o país vive e como forma de construir marcas e reconstruir negócios.

Samuel ministrou a palestra “O poder da criatividade”, na 24ª Convenção Lojista do Piauí e fez o público aplaudir de pé ao compartilhar sua experiência de vida e falar de inovação. O piauiense assina algumas das campanhas publicitárias mais vistas dos últimos anos, de grandes marcas como a Heineken e a Nestlé.

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Em sua palestra, ele explicou que a oportunidade surge da junção de uma necessidade com uma verdade e, entre os exemplos, ele citou a necessidade de melhorar a mobilidade urbana, diante de uma verdade, que são os grandes engarrafamentos, o que fez surgir as bicicletas compartilhadas e os patinetes elétricos.

“É preciso treinar o olhar para olhar diferente. É um olho no peixe e outro no cachorro, não no gato”, brincou Normando, ao destacar que o brasileiro rola a página do Facebook por cerca de 90 metros, em média, por dia. “Então não existe mais isso de ‘quem não é visto, não é lembrado’. Você vai ser visto, mas vai ser esquecido 15 centímetros depois, por isso, seja relevante. Você precisa ser relevante para ser lembrado”, disse aos participantes da Convenção.

Em entrevista à Coluna Economia & Negócios, do Cidadeverde.com, o publicitário afirmou que empreender é a grande saída para a alta taxa de desemprego do país e a criatividade é uma ferramenta fundamental. “São 13 milhões de desempregados e a criatividade é uma ferramenta para encontrar uma nova possibilidade, que não seja pelas vias tradicionais, de um emprego formal, mas em que tipo de negócio se pode empreender. O brasileiro já tem esse espírito de se virar e na crise isso aflora ainda mais. O que eu sei fazer? É brigadeiro. E se eu agregar a isso um tutorial na internet de como fazer brigadeiro? Já é uma outra forma de encarar a venda de um brigadeiro”, exemplificou.

Samuel enfatiza que “empreender sem criatividade é burrice, é fazer mais do mesmo” e que é preciso aprender a pensar novas formas para o que já existe. “Se você repete o que já é feito, não vai adiantar. Não existe empreender sem criatividade. Hoje nós temos uma evolução nos modelos de negócios. As atividades que existem hoje não necessariamente vão existir no futuro. Você tem que pensar sobre novas formas, novas possibilidades para as coisas mais simples mesmo, que já existem hoje. Não precisa partir do nada, mas sim do que já se tem e se pode transformar”, orienta o publicitário.

Como exemplo desses novos modelos de mercado, Samuel cita os Ubers. “Antes era só táxi, hoje temos os aplicativos de carro. O que será do futuro? O desafio é criar o novo. Esperar a situação ser resolvida pelo governo, por Deus ou pelo mundo não dá certo. Tem que ir atrás, criar ferramentas e a criatividade é o meio menos difícil para isso”, enfatiza.

O publicitário acrescenta que criatividade é a árvore do dinheiro. “Você precisa de recurso para empreender, mas dinheiro não nasce em árvore. Só que se você tiver uma boa história, você consegue criar essa árvore do dinheiro. Você tem uma caneta para vender. Se você vendê-la como uma simples caneta, vai ter o lucro de uma simples caneta. Mas se você vender como a caneta que vai ser usada na hora do ‘sim’ do altar ou a que vai assinar o cheque da sua nova casa ou a que vai lhe dar o sonho da formação, você vai ter um lucro diferente. A gente sabe das dificuldades do brasileiro, não dá para culpá-lo pelo que está acontecendo, mas é preciso buscar uma forma diferente, pensar o novo. Não precisa ser grande para inovar”, finaliza.

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