Cine SãoRaimundo

Era uma noite de Junho de 1975. Centena de pessoas estavam ali na avenida Professor João Menezes, onde hoje é o Armazém Nordeste, centro de São Raimundo Nonato. Como de costume do sanraimundense, muitos estavam com a melhor roupa, com o melhor sapato, com sandálias novas.

Era o acontecimento do ano. Estava sendo inaugurado o CineSãoRaimundo. O filme: A Loba Solitária. Bom, o nome CineSãoRaimundo não pegou muito na boca povo. O negócio era chamar a turma pra ir no Cinema de seu Clóvis.

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Clóvis Paes Landim foi um homem visionário, considerado por muitos bem à frente do seu tempo. A ideia do cinema surgiu numa rodada de conversa entre amigos. Todos os dias o senhor Ady Castro, que era bancário no Banco do Nordeste, ao fim do expediente, ia sempre o bar Pioneira, que também era de propriedade de seu Clóvis, também na avenida Professor João Menezes. Numa dessas conversas, seu Ady disse: por que você não abre um cinema em São Raimundo?

Seu Clóvis ficou encucado com aquilo. Ao chegar em casa, reuniu os filhos e repassou a ideia do grande amigo.
No começo, todos estranharam.

– Mas meu pai, o senhor nunca trabalhou com isso, como pode dar certo? Indagou um dos filhos.
Seu Clóvis foi firme e forte: só existe coisas difíceis para os covardes que tem medo de arriscar.
A ideia então estava saindo do papel. Mandou construir o prédio. Enquanto isso, foi a Salvador fazer a parceria com a distribuidora de filmes. Chegavam dois filmes por semana pela empresa de ônibus Bonfinense. Depois disso foi a São Paulo e comprou duas máquinas de projeção e cerca de 200 cadeiras de madeira.

A tela do cinema era de 10 metros de largura por 4 de altura. Estava pronto o CineSaoRaimundo. Durante 11 anos vários filmes foram passados ali. O cinema do seu Clóvis foi o ponto de encontro de muita gente, o começo de muitos namoros e romances. Mas em 1986 o CineSãoRaimundo fechou suas portas. A chegada da TV aberta nos lares de São Raimundo Nonato, o encantamento com as novelas fez com que o público do cinema caísse drasticamente. Seu Clóvis decidiu então naquele ano encerrar os trabalhos do primeiro cinema moderno da nossa cidade.

Ficou apenas a história. 

 

Com ajuda do Professor Adailton (filho) e a Professora Soraia Victor (neta de seu Clóvis), que educadamente me forneceram todas as informações.

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