ICMBIO mina resistência da pesquisadora Niéde Guidon aos 83 anos

Principal arqueóloga do Brasil está abatida e o descaso do órgão ambiental complica sua saúde.

A cada dia que passa, com esse turbilhão de notícias sobre o Parque Nacional Serra da Capivara, grande parte sem sentido, começo, meio ou fim, recheadas de informações “oficiais” repassadas pelo ICMBIO ou Ministério do Meio Ambiente (MMA), e que não refletem a realidade do caso, deixam o cenário de descaso na unidade de conservação ainda mais nebuloso.

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A 40 anos Niéde Guidon dedicou totalmente à conservação, pesquisa e estruturação.

 

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Pesquisadores, ambientalistas, cidadãos brasileiros ou estrangeiros estão perplexos com a falta de respeito e consideração aos 40 anos que Niéde Guidon dedicou totalmente à conservação, pesquisa e estruturação da mais simbólica reserva da Caatinga. Ela sugeriu a criação do parque, conseguiu apoio no mundo inteiro para prepará-lo para visitação e nada disso é levando em consideração.

Niéde Guidon deu reconhecimento internacional ao Piauí e protagonismo científico ao Brasil ao trazer pesquisadores de diversas partes do planeta para trabalhar no sertão do Nordeste. No entanto, para o Governo Federal isso não passa de um detalhe. O ICMBIO não tem se mobilizado para resolver o impasse, ao contrário, diariamente publica informações “falsas” sobre a realidade do parque, agindo como um “monstro” travestido de “anjo” que a cada notícia abala a saúde da pesquisadora.

É uma vergonha que o ministro Sarney Filho não consiga dar um basta nesse terrorismo, nessa ausência pública, alimentando mais e mais o imbróglio que o próprio “chefe” do MMA se meteu ao garantir a Deus e ao mundo que a Serra da Capivara seria exemplo e que os tempos de dificuldades tinham ficado para trás.

 
Ninguém da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) pediu a visita do ministro a sede da ong, realizada no dia 1 de junho exatamente na abertura da semana do meio ambiente. Ao contrário, ele decidiu pessoalmente ir até a Serra da Capivara para sentar numa mesa na frente de Niéde e, com dezenas de testemunhas, prometer o que não consegue cumprir. Essa é a verdade nua e crua. Sarney determinou que o presidente do ICMBIO, Rômulo Mello, resolvesse a questão e ele não resolveu. Pior. Ligou para Niéde já tarde da noite da última terça 16, para dizer que não poderia assinar o termo de cogestão. Simples assim.

 
Logo após o escândalo da saída da FUMDHAM da administração do parque, o ministro se apressou em avisar a imprensa mundial que estava liberando um milhão de reais para socorrer à reserva. MENTIRA – Nenhum centavo desse valor será investido no parque ou repassado para a FUMDHAM. São recursos que se destinam para o pagamento dos 36 vigilantes que prestam serviços ao ICMBIO e estão com 4 meses de atraso. A verba vai direto para a empresa de vigilância.

 

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Crise no Parque Nacional Serra da Capivara está sendo comentado em todo o Mundo.

 

E os guardas-parque que o próprio órgão ambiental contesta esse status, chamando esses mateiros, verdadeiros defensores do parque, de simples vigilantes, agora precisam pagar o pato do descaso. E, como simples vigias, serão deslocados para ocupar o lugar vazio nas guaritas de entrada e saída do parque (Já que Niéde tirou as guariteiras por falta de verbas) para não paralisar a visitação pública.

 
Mesmo que para isso deixe o parque desprotegido, pois esses “vigilantes”, na verdade, guardas-parque na formação, no coração e na dedicação à reserva, ficarão prostrados numa guarita onde não podem, sequer, cobrar ingressos de entrada no parque. Está na hora do Ministério Público do Trabalho esclarecer isso, afinal é desvio de função.
Por outro lado é triste e vergonhoso ver alguns condutores de visitantes do parque dando declarações que está tudo bem, que o parque não está parado, que os turistas podem continuar visitando a reserva. Ou seja, agem em claro interesse próprio. Desconsideram que eles próprios só existem hoje como profissionais condutores de visitantes em função da luta da Niéde, do treinamento que ela forneceu para eles, da estrutura que criou no parque.

 
Ao invés dessa atitude claramente egoísta (só estão pensando no dinheiro que ganham ao conduzir os turistas), deveriam, isso sim, se mobilizar e parar de vez a visitação ao parque, quem sabe assim o ICMBIO não tomasse uma atitude ao invés de tentar “matar” Niéde Guidon aos poucos. Ou alguém duvida que sofrer esse tipo de estresse aos 83 anos não prejudica sua frágil saúde?

 

Logo após o escândalo da saída da FUMDHAM da administração do parque, o ministro se apressou em avisar a imprensa mundial que estava liberando um milhão de reais para socorrer à reserva. MENTIRA – Nenhum centavo desse valor será investido no parque ou repassado para a FUMDHAM. São recursos que se destinam para o pagamento dos 36 vigilantes que prestam serviços ao ICMBIO e estão com 4 meses de atraso. A verba vai direto para a empresa de vigilância.

 

Especial – André Pessoa

 

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