Estudante de São Raimundo Nonato representa o Piauí na Câmara dos Deputados

Por Edjalma Borges

O estudante do último ano do curso de Direito da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Nonato Borges, foi o único representante do Estado Piauí no Programa Estágio-Visita das Câmara dos Deputados, em Brasília.

Natural de São Raimundo Nonato – PI, o estudante de 22 anos estuda no campus da UESPI em Bom Jesus, e teve a oportunidade de conhecer durante cinco dias (12 a 16) como funciona a Câmara Federal, suas Comissões Técnicas, Plenário, o processo de elaboração de leis e o dia a dia da atividade parlamentar.
Oferecido desde 2003, o Programa Estágio-Visita possibilita a universitários de todo o país o acesso a conhecimentos relacionados ao funcionamento da Câmara e a forma de atuação de seus representantes, incentivando a participação democrática e o exercício da cidadania.
Me sinto muito feliz e é uma honra e responsabilidade muito grande representar o Estado do Piauí. Apesar de que este programa poderia ser mais divulgado, pois vejo poucos deputados indicando. Tanto é que só eu fui indicado e participei. Acho que os deputados federais poderiam incentivar com outras práticas democráticas, como ir às universidades e conversar com os coordenadores e estabelecer algum critério para que mais jovens tenha essa oportunidade de conhecer na prática como funciona nosso parlamento”, relatou Nonato, que concluiu o ensino médio no Centro de Ensino Médio de Tempo Integral Moderno de São Raimundo Nonato.
O Estado do Piauí, que possui 10 deputados federais, cada um poderia indicar dois estudantes universitários, mas só Nonato foi indicado a seu pedido pelo deputado federal Silas Freire (Podemos).
Nonato comentou sobre as temáticas discutidas nas comissões simulando a atuação de um parlamentar. Dentre elas, a reforma política, da qual presidiu uma comissão especial sobre o tema.
Tive a oportunidade de interagir com outras pessoas de outros estados, 65 estagiários de todas as regiões. Foi o primeiro em que a maioria era dos participantes era mulher. Tivemos debates relevantes sobre a reforma política, reforma trabalhista e cada um defendeu seu ponto de vista. A Câmara é a casa do diálogo, local possível de se construir soluções, tendo como função primordial legislar e fiscalizar, e tivemos muitas atividades sobre isso”, avaliou o estudante, que participou também de discussões sobre a imigração venezuelana no Estado de Roraima.
Embora haja maior participação das mulheres em discussões políticas, como frisou Nonato, e estas comporem hoje mais de 50% da população do país, apenas 70 delas representam seus estados no Congresso Nacional, sendo 15 senadoras e 55 deputadas federais.
Ao comentar sua experiência legislativa e o que espera deste ano em que os brasileiros irão às urnas escolher deputados, governadores, senadores e presidente da República, Nonato sugere que os cidadãos escolham pessoas mais qualificadas em gestão pública e que não participem de negociatas pelo voto.
Penso que a gente precisa eleger gestores públicos. Essa fase de populismo, da politicagem pequena, que infelizmente ainda existe no Nordeste, como a compra de voto e a troca de favores, precisa acabar. Precisamos de gestão técnica, de pessoas que discutam os projetos de lei e as demandas da sociedade de forma objetiva. Acho que a população do Piauí deve eleger aqueles que pensem em fazer uma gestão de realizações. Precisamos melhorar, principalmente na educação, pois o estado tem um alto índice de analfabetismo. Mas antes é preciso conscientizar as pessoas”, sugeriu.
Otimista e disposto a levar ao seu estado a aprendizagem obtida em Brasília, Nonato propõe que a população mude hábitos e se engaje mais em conhecer seus representantes.
A mensagem principal que se recebe aqui é de transformação, de esperança, mas essa construção tem que ser coletiva. Enquanto a população ficar vendendo seu voto, estacionando em vaga de deficiente, furando fila e mentindo, não haverá melhoras. O Congresso representa apenas o espelho do que a sociedade é, e quem coloca eles aqui somos nós.  Sugiro que as pessoas reflitam e pesquisem sobre os candidatos em que desejam votar”, pontuou.
Embora acredite na política e que ela seja capaz de propiciar avanços, o estudante sugere maior participação das pessoas na propagação e realização das boas práticas.
Tem muita coisa que se consegue fazer sem dinheiro, por exemplo, transmitir informação. Isso é fácil fazer hoje pelas redes sociais e não gastamos um real. Precisamos buscar soluções, isso levando em conta as prioridades. E um gestor público precisa observar os princípios da administração pública, que são planejamento, organização, direção e controle. Você precisa ter essas quatros premissas para ter uma administração de sucesso”, conclui o universitário.

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