Dom Inocêncio agiliza atividades de bloqueio e zera casos de dengue no Piauí

Agentes de endemias fazem ações de bloqueio contantes na cidade (Foto: Gustavo Almeida)

 

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Em tempos de luta nacional contra o mosquito transmissor da dengue, chikungunya, febre amarela e zika vírus, a pequena cidade de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, tem mostrado eficiência no enfrentamento ao aedes aegypti. Com o acompanhamento de residências de modo sistemático e a realização de análises diárias com as larvas coletadas, os agentes de endemias conseguiram zerar os casos de dengue em 2016.

 

Aparelho adquirido pela prefeitura agiliza os resultados (Foto: Gustavo Almeida)

Dom Inocêncio é a única entre as pequenas cidades da região de São Raimundo Nonato que possui um microscópio capaz de identificar se as larvas coletadas diariamente nas casas são do aedes aegypti. E tem sido justamente a agilidade na identificação e os métodos de eliminação das larvas que fizeram o município conseguir números tão positivos na luta contra o mosquito que tem assustado o país e preocupado as autoridades em saúde.

 

De acordo com o coordenador da equipe, Márcio das Neves Sousa, a aquisição do microscópio pela prefeitura do município foi de fundamental importância para o trabalho de contenção do mosquito. Ele conta que antes as larvas coletadas pelos agentes nas residências eram enviadas para análise em São Raimundo Nonato e o resultado demorava até 10 dias para chegar, o que retardava a tomada de medidas para barrar a proliferação.

 

“Todo o material era enviado para São Raimundo Nonato e o resultado demorava chegar. Isso dificultava porque se a larva coletada em um determinado quarteirão fosse do aedes, as atividades de bloqueio só seriam desenvolvidas no mínimo 10 dias depois. Agora não é mais assim. O agente coleta a amostra e caso a larva seja do mosquito, todo aquele quarteirão será alvo das equipes já no mesmo dia ou no dia seguinte”, explicou.

 

Residências recebem a visitas rotineiras das equipes de endemias (Foto: Gustavo Almeida)

 

Após o recebimento do microscópio, o coordenador e outro agente fizeram um curso para trabalhar no laboratório de entomologia que foi instalado no prédio do posto de saúde da cidade. Cerca de 30 casas são visitadas diariamente pelas equipes de endemias, que verificam possíveis focos do mosquito e dão orientações aos moradores sobre como evitar a proliferação e impedir que casos de dengue e outras doenças sejam notificados.

 

“A gente está se adiantando a todos os municípios dessa região, pois só nós pegamos as larvas todos os dias e fazemos a análise já após a coleta. O microscópio é fundamental e com ele, das 100 larvas que a gente examina, eu sei exatamente onde está a do aedes. Só assim podemos desenvolver a atividade de bloqueio na casa infestada e nas residências que ficam no entorno dela”, falou.

 

O coordenador Márcio e o agente José Nilson em trabalho de campo (Foto: Gustavo Almeida)

 

Números
De acordo com a Secretaria de Saúde de Dom Inocêncio, até os três primeiros meses de 2016, nenhum caso de dengue havia sido confirmado no município. Os índices de infestação pelo aedes aegypti nos bairros da cidade também chamam atenção. De cada 100 casas pesquisadas em um dos ciclos de monitoramento no Centro, o índice de presença do aedes foi de apenas 0,40%. O percentual tolerável estabelecido pelo Ministério da Saúde é de até 1%.

 

Nos bairros Morada Nova e Aeroporto, os índices ficaram zerados. No bairro Alto Bela Vista, o percentual é de apenas 0,40%, de acordo com o terceiro ciclo de monitoramento concluído no final de março. Segundo a coordenador Márcio das Neves, esse índice já atingiu a marca de 10% no ano de 2009.

 

Estratégias contra o mosquito
Quando alguma larva do aedes aegypti é identificada nas residências de Dom Inocêncio os agentes endurecem os métodos para bloquear a proliferação. Além do larvicida distribuído pelo governo do estado, a cidade inovou, ainda nos primeiros meses de 2015, com a colocação de piabas nos reservatórios de água das casas. Abastecidas por carros-pipa, todas as residências da cidade possuem pequenas caixas para estoque de água.

 

Piabas são colocadas nos reservatórios das residências (Foto: Gustavo Almeida)

 

A medida tem dado certo porque o mosquito fêmea pode até por os ovos, mas eles são devorados pelos pequenos peixes, impedindo o ciclo de evolução. Além do método com as piabas, a prefeitura conseguiu ainda uma bomba costal que é usada quando detectada a circulação do vírus. “Nós dispomos aqui dos métodos biológico, químico e mecânico, tudo para enfrentar de modo eficiente o aedes aegypti”, concluiu Márcio.

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