No último sábado (20), em atuação histórica, a goleira Ravena de Jesus, natural de São Raimundo Nonato, defendeu quatro pênaltis na final do Campeonato Brasileiro Sub-18 e consagrou o Fluminense campeão nacional.
Aos 16 anos, a jovem é uma das jogadores de destaque na equipe feminina do Fluminense e foi convocada recentemente para a Seleção Brasileira Feminina de Futebol Sub 20.
Filha de Nelson e Edna, Ravena é do Novo Zabelê e fala em entrevista exclusiva com o site saoraimundo.com sobre carreira, conquistas, futuro e enfatiza lutas. Confira:
SaoRaimundo.com: Comente um pouco sobre a sua carreira, como começou e como é pra você está jogando no Fluminense.
Ravena: Eu comecei jogando no projeto Veneza, no Piauí, onde eu só jogava com meninos, fiquei lá por três anos. Vim para o Rio de Janeiro aos dez anos de idade, junto com minha mãe, porque ela queria ter mais oportunidades de emprego. Meu primo Wagner me chamou para jogar em um projeto chamado Instituição Colorado, fiquei lá por três anos e depois, a treinadora Tânia me levou para fazer uma peneira nas laranjeiras, no final de 2018, e eu passei. Não esperava jogar no Fluminense, é um sonho estar jogando nesse clube.
SaoRaimundo.com: Quais as maiores dificuldades que você encontrou pelo caminho para seguir no futebol feminino?
No início da carreira, no projeto, alguns meninos me apelidavam, me chamavam de moleque macho, mas mesmo assim eu não desistia, porque o meu amor pelo futebol sempre foi maior do que as dificuldades”
SaoRaimundo.com: Com quantos anos você começoua jogar futebol e quem ou o que inspirou ou influenciou você a jogar?
Ravena: Comecei a jogar aos seis anos de idade, mas entrei no primeiro projeto aos sete anos. Venho de uma família de goleiros, meu tio Cristiano, meu primo Wagner e meu irmão Thiago foram goleiros. O meu amor pelo futebol vem desde criança, sempre que eu estava triste, o que me animava era ir para os treinos.
SaoRaimundo.com: Qual o segredo para defender pênaltis, já que é uma coisa considerada difícil para goleiros
Ravenna: Naquele momento eu temporizei bastante, mantive a calma. Quando as meninas perderam algumas cobranças eu falei: vou honrar vocês. E eu dei o meu melhor.
SaoRaimundo.com: Qual foi o melhor e o pior momento na sua carreira até hoje, e por quê?
Ravenna: O melhor momento foi ter conquistado o meu primeiro título e o primeiro título feminino do Fluminense. Foi uma honra ter defendido quatro penalidades, espero que venham mais títulos. O pior momento foi quando eu me lesionou, em 2019, e tive que ficar fora do campeonato brasileiro. Foi o pior momento da minha vida porque eu estava indo muito bem nos treinos e ter me machucado naquela altura do campeonato foi muito difícil para mim, mas tive que focar na minha recuperação e manter a calma.
SaoRaimundo.com: O que esse título significa para sua carreira?
Ravena: Significa muito para mim e para o Fluminense. É muito grandioso fazer parte desse momento, defender pênaltis em uma final de Campeonato Brasileiro, ele vai estar marcado para sempre na minha vida e na história do Fluminense.
SaoRaimundo.com: O que você gostaria de ver para o futuro do futebol feminino?
Ravena: Gostaria de uma maior valorização, apoio do público e respeito. Que as mulheres possam viver do futebol.
SaoRaimundo.com: Qual foi a reação da sua família quando decidiu seguir como jogadora de futebol?
Ravena: Minha família me apoiou, sempre que eu precisava eles me ajudavam. Eu agradeço muito por serem meus companheiros, é muito bom ter esse apoio.
SaoRaimundo.com: Qual foi a sensação de ser convocada para a seleção brasileira e ter a chance de representar o seu país?
Ravena: Foi minha primeira convocação, é uma excelência, um sonho realizado e uma honra vestir a camisa da Seleção. Os treinos são intensos, conhecemos meninas de outros clubes, é tudo muito incrível.
SaoRaimundo.com: E para finalizar, quer deixar uma mensagem para torcida e para os amantes de futebol feminino? E para as meninas que sonham em jogar futebol, algum recado em especial?
Ravena: Quero agradecer a toda torcida do Fluminense, saudações tricolores. Para as meninas que sonham em jogar futebol, peço que não desistam desse sonho, que elas possam se dedicar nos treinos, nada vem fácil, mas se elas lutarem, tenho certeza que Deus vai realizar.
