Uma família humilde de São Raimundo Nonato, município situado no Sul do Piauí, pôde voltar para casa tranquila após inúmeras idas a Teresina, onde há quase um ano e meio buscava soluções para um problema de saúde de Ana Clara Pereira dos Santos, de 6 anos de idade. A mãe, Sueide Janes dos Santos Lima, não trabalha porque tem que cuidar dos dois filhos pequenos. Sueide Janes lutou incansavelmente até conseguir a cirurgia para a filha, que foi diagnosticada com um tumor raro na região do maxilar em abril do ano passado. Ana Clara é uma criança com necessidades especiais e precisava passar por um procedimento cirúrgico para a remoção de um fibroma desmoplásico, um tipo de tumor ósseo benigno e extremamente raro. Foram dias e dias de luta e graças a determinação da família e repercussão da imprensa, Ana Clara passou por uma cirurgia de alta complexidade e está curada da doença.
Desesperada ao ver o tumor aumentar de tamanho rapidamente, a mãe percebeu que precisava pedir ajuda à imprensa para que fosse agilizado o processo para a realização da cirurgia da filha, pois ela chegou a se deslocar várias vezes de São Raimundo Nonato a Teresina, uma distância de 521 quilômetros, e às vezes voltava para casa sem nenhuma novidade a respeito da data da cirurgia. Sueide Janes chegou ao ponto de não conseguir dormir e chorava ao imaginar que o Sistema Único de Saúde (SUS) não realizaria a cirurgia de sua filha devido ao alto custo. Ela sentiu que estava sendo até enrolada, pois chegava a fazer todos os exames pré-operatórios e depois voltava à estaca zero, sendo que o tempo de marcação para cada procedimento entre consultas e exames era de no minimo 30 dias.
Pedido de socorro
Em julho de 2019, Sueide Janes relatou o caso da filha. No dia 22 de julho, foi publicado a primeira matéria sobre a história de Ana Clara. (Criança com necessidades especiais e doença rara luta há mais de 1 ano por cirurgia). A história chegou a todo o Piauí e a outros estados do país, mas ainda não havia sensibilizado as autoridades competentes. Um mês depois, foi publicado uma nova matéria sobre caso, mas desta vez cobrando uma resposta direta do poder público e informando que a mãe buscava ajuda de terceiros para custear o tratamento da filha. (Sem resposta da Sesapi, mãe busca ajuda para custear cirurgia da filha com tumor raro). Após a segunda publicação, de imediato todos os órgãos envolvidos entraram em contato e se prontificaram em resolver o caso.
Quase lá
Sueide recebeu uma ligação do Hospital Getúlio Vargas no final de agosto, em que dizia para ela vir dia 2 de setembro para Teresina com a filha para a realização da cirurgia. Antes, a mãe sequer sabia que era a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) ou Fundação Hospitalar do Estado (Fepiserh) que seria responsável pela cirurgia de Ana Clara por meio do SUS, pois estava completamente sem respostas.
Chegando a Teresina ainda sem acreditar que estava perto do ‘pesadelo’ acabar, Ana Clara foi internada no dia 2 de setembro no Hospital Getúlio Vargas (HGV), mas infelizmente não foi possível realizar a cirurgia e teve alta no dia seguinte. O hospital pediu para que mãe e filha não retornassem a São Raimundo Nonato, pois entraria em contato a qualquer momento para fazer uma nova internação e dar início aos exames pré-operatórios.
Passaram-se alguns dias e nada de o hospital entrar em contato. Devido as despesas altas em Teresina, Sueide Janes resolveu voltar para São Raimundo Nonato no dia 9 de setembro e novamente a família ficou entristecida.
Tudo pronto
O hospital explicou à mãe que devido a cirurgia ser complexa e precisaria de vários cirurgiões, houve mudança de equipe e foi necessário agendar um dia em que todos os cirurgiões necessários pudessem participar. No dia 15 de setembro, mãe e filha retornaram a Teresina e Ana Clara foi internada no dia seguinte. Finalmente, no dia 17, a menina passou pela cirurgia que foi realizada por quatro cirurgiões e auxílio de cinco residentes. O procedimento cirúrgico durou mais de cinco horas e foi um sucesso.
Ana Clara teve alta hospitalar no dia 21 de setembro, mas no dia 26 ela teve que ser internada novamente porque os pontos infeccionaram. A criança passou mais nove dias internada para tratar da infecção.
De volta para casa
Finalmente o drama da família chegou ao fim e com um final feliz. No dia 4 de setembro, Ana Clara voltou para sua cidade e agora se recupera bem. Sem tumor, a criança poderá voltar às suas atividades normalmente em breve e brincar como qualquer outra criança. No dia 26 deste mês, Ana Clara vai retornar a capital para uma consulta e depois terá que fazer acompanhamento a cada 15 dias. Daqui a seis meses, Ana Clara terá que passar por uma nova cirurgia e Sueide Janes acredita que o HGV vai dar continuidade ao tratamento de sua filha.
Sueide Janes está muito feliz por ver a filha bem e por ter recebido ajuda de muita gente. A campanha de arrecadação de dinheiro e a rifa de um boi realizadas para custear o tratamento da Ana Clara rendeu um total de R$ 5.300. Deste valor foi gasto R$ 2.882 com hospedagem, locomoção e alimentação quando elas estavam em Teresina. O restante do dinheiro será usado para a mesma finalidade, pois Ana Clara terá que fazer acompanhamento médico na capital com frequência como já foi mencionado anteriormente.
“Quero agradecer primeiramente a Deus que nos deu forças nessa luta. Agradecer todas as pessoas que nos ajudou financeiramente, foi gracas a ajuda de todos que a gente conseguiu se manter em Teresina durante todo esse tempo. Ana tem passe livre, mas nessas idas e vindas de setembro a outubro, só conseguimos uma única passagem livre que foi a de volta para casa dia 4 de setembro. Nós tivemos muitos gastos, mas todos foram cobridos com as doações de amigos, família, e anônimos. Tenho muita gratidão a cada um de vocês”, agradece Sueide Janes.
A mãe disse foi muito bem recebida pela equipe do Hospital Getúlio Vargas e que o diretor-técnico do hospital, Fábio Bruno, ao tomar conhecimento do caso de Ana Clara, agilizou todo o processo para que o problema fosse resolvido o mais rápido possível.
“E quero aqui deixar meu agradecimento ao diretor-técnico do HGV, Fabio Bruno, que juntamente com toda a equipe, Dr. Vinícius Nascimento, Dr. Lucio Noleto, Dra. Maria do Amparo e Dr. Fabricio, além dos residentes, tratou com muito carinho a Ana Clara. Só tenho gratidão aos médicos que cuidaram da Ana, e que eles sempre tenham a sabedoria e a paz no coração para cuidar dos seus pacientes como se fosse alguém da família”.