Riachos cheios impediram totalmente o tráfego nas estradas do município.
Estouro de barragem provocou inundações e deixou vários desabrigados.
As fortes chuvas que caíram no domingo (24) causaram o rompimento de barragens, inundaram bairros e isolaram todos os acessos à cidade de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina. Pelo menos 15 famílias ficaram desabrigadas e seis delas foram transferidas para uma escola municipal localizada em uma reunião mais alta. Na zona rural, a enxurrada arrastou móveis e pertences de uma família.
Com as estradas totalmente interrompidas, ninguém entra ou sai do município. Até mesmo pacientes que precisam ser transferidos para outras cidades estão recolhidos em uma Unidade Básica de Saúde.
A situação piorou após o meio dia do domingo, quando uma barragem de pequeno de porte situada a cerca de 5 km da zona urbana se rompeu e as águas invadiram algumas áreas da cidade.
De acordo com o prefeito do município, Luzivalter Santos (PSDB), várias outras barragens quebraram no interior e a situação na zona urbana é bastante crítica. Conforme o gestor, outra barragem situada a poucos metros do perímetro urbano também ameaça romper e reparos emergenciais tiveram que ser feitos para evitar uma tragédia na cidade.
“Temos outra barragem aqui ao lado cuja água já estava passando por cima da parede e poderia transbordar a qualquer hora. Mandamos uma máquina da prefeitura com urgência fazer outro sangradouro do outro lado para evitar o rompimento. O bairro Morada Nova ficou totalmente inundado e tivemos que retirar algumas famílias”, disse.
Além dos prejuízos com as inundações, a cidade de Dom Inocêncio está praticamente incomunicável. O município ficou sem energia elétrica, sinal de telefonia móvel e internet desde a manhã do domingo. Sem ligação asfáltica e com a cheia dos riachos, o município sertanejo está totalmente isolado das cidades vizinhas.
Uma equipe da Eletrobras foi deslocada na manhã desta segunda-feira (25) de São Raimundo Nonato, a 104 km de Dom Inocêncio, para fazer a retomada do fornecimento de energia. Sem ter como passar pela estrada entre as duas cidades, o serviço deve continuar sem conserto.
“Hoje tivemos um paciente com hemorragia que precisava ser transferido para São Raimundo Nonato, mas a gente achou melhor não transferir devido ao grande volume de água no riacho. Na estrada para Petrolina havíamos colocado dois carros, um de cada lado, e adquirimos um bote para atravessar pacientes que precisam fazer hemodiálise”, contou o prefeito.
Ainda de acordo com o gestor, a prefeitura irá decretar estado de emergência nesta segunda-feira (25). Ele ressaltou que se o nível dos riachos não baixar a cidade deverá enfrentar outro problema grave nos próximo dias. Com veículos impossibilitados de chegar ao município, o comércio pode ficar desabastecido.
“Por enquanto não estamos enfrentando problemas de desabastecimento. Os postos de combustíveis, por exemplo, haviam sido reabastecidos há três dias e ainda têm o produto. Mas se continuar dessa forma a situação vai piorar o podemos ter desabastecimentos nos comércios da cidade”, completou o gestor.
Problema antigo
Desde que foi emancipado em 1988, o município de Dom Inocêncio convive com o isolamento. A cidade fica a 104 km de São Raimundo Nonato, sendo a mais distante de todas as que integram o território Serra da Capivara. Os acessos ao município são por estradas de chão e os problemas de tráfego se repetem sempre que chove.
Motoristas enfrentam atoleiros, ladeiras escorregadias e muita buraqueira para poderem chagar a cidade. A situação fica mais crítica quando a cheia dos riachos interrompe completamente a ligação do município com as outras cidades. Somente entre São Lourenço do Piauí e Dom Inocêncio são três riachos de grande porte que cortam a estrada.
Obra parada
Após anos de promessas, o asfaltamento da estrada começou a ser feito em 2011 pelo governo do estado. No entanto, dos 85 km entre São Lourenço do Piauí e Dom Inocêncio, apenas 13 km foram asfaltados e só uma das três pontes foi concluída. As obras pararam no início de 2012 e há mais de três anos os moradores cobram a retomada dos serviços.
Em contato com o Departamento de Estradas de Rodagens (DER), o G1 foi informado de que a direção do órgão e a equipe de engenharia estavam reunidas para tratar sobre os trechos comprometidos pela ação das últimas chuvas. O cronograma para reparo dessas rodovias ainda será elaborado.