Após o registro de um assalto e estupro de uma jovem de 25 anos, no dia 1º de junho, no povoado Alto do Arapuá, São Lourenço do Piauí, a população do município pediu o fim da violência e clamou por paz e justiça durante caminhada realizada nesta quarta-feira (7) no centro da cidade com a presença de professores, estudantes, políticos e a sociedade civil.
O evento foi organizado pela sociedade civil com o apoio da Prefeitura de São Lourenço, representada pela prefeita Michelle Oliveira Cruz. Durante a caminhada os participantes repudiaram os atos de violência, principalmente os praticados contra as mulheres, e prestaram solidariedade à vítima de violência sexual no município.
A caminhada saiu do bairro Três Marias até o colégio Iracema Vieira Ramos e se concentrou em frente à igreja matriz. De acordo com uma das organizadoras da caminhada, a professora Sonia Bonfim, cerca de 300 pessoas participaram do ato que contou, ainda, com a presença da Polícia Militar, representada pelo sargento Martins.
“Com a realização dessa caminhada, esperamos que justiça seja feita e que cheguem realmente àqueles que cometeram esse ato de violência brutal contra as mulheres lourencianas, pois nos sentimos todas violentadas. Esperamos a solução para tamanha covardia e acreditamos que com essa caminhada desperte a sociedade a se unir em busca da paz e da justiça em nossa cidade”, destacou Sonia.
Segundo o Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na terça-feira (5), mostram que a realidade da mulher piauiense ainda está longe de ser a ideal. Isso porque 653 casos de estupro de mulheres foram notificados à polícia somente no ano de 2016, representando quase dois estupros por dia. Nesse mesmo ano, no Sistema Único de Saúde foram registrados 559 casos.
Além do estupro, as mulheres estão vulneráveis também aos homicídios no Piauí, pois dados apontam que três mulheres a cada 100 mil habitantes foram mortas em 2016, representando uma variação de 50% em 10 anos. A realidade é ainda mais cruel para as mulheres negras. Ao todo, 3,4 mulheres negras a cada 100 mil habitantes foram mortas no estado em 2016. Enquanto a mesma taxa para mulheres não negras ficou em 0,8 a cada 100 mil.
Integrante da comissão organizadora do evento, a professora Eliene dos Santos, que é parente da vítima de estupro em São Lourenço, participou da manifestação e, emocionada, lamentou o ocorrido ao tempo que agradeceu a todos e também pediu justiça para o caso.
“Agradeço o apoio da sociedade e que este caso não fique impune. Queremos justiça e paz”, disse.