Análise: Thiago Silva é quem mais tem a ganhar com Tite na seleção brasileira

Uma Seleção de jogo coletivo, segura e compacta. Essa deverá ser a primeira imagem da equipe sob o comando de Tite. Assim iniciaram seus trabalhos mais recentes. Encantamento? Beleza? Deve demorar um pouco, mas a enorme quantidade de talento contido no cardápio de jogadores que o técnico terá pela primeira vez na carreira pode abreviar essa etapa.

Se Tite usou o 4-1-4-1 durante boa parte dos últimos 18 meses, e o Brasil terminou sua etapa com Dunga no mesmo 4-1-4-1, é normal imaginar que esse seja o sistema inicial, em setembro, nos jogos contra Equador e Colômbia, pelas eliminatórias. Jogos que serão disputados sob grande pressão, pois, vale lembrar, a Seleção está na sexta colocação e fora da zona de classificação para a Copa do Mundo de 2018.

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Triangulações pelos lados com velocidade de movimentação, infiltração dos homens de meio-campo, muitos passes. É o que se pode esperar da seleção brasileira de Tite. E se alguém pode sorrir mesmo neste primeiro momento, esse alguém se chama Thiago Silva.

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Considerado por muitos o melhor zagueiro do mundo, mas em litígio com Dunga por conta de comportamentos inadequados como a reclamação ao perder a braçadeira de capitão para Neymar e o pênalti cometido na Copa América-2015, além da “cornetagem” de seu estafe, o jogador do PSG deverá voltar com o novo técnico.

E não haveria mãos melhores para reconduzi-lo ao seu lugar. Tite fez de zagueiros medianos campeões importantes: Anderson Polga só foi campeão mundial em 2002 por seu desempenho no Grêmio de 2001. Mais recentemente, Chicão, Paulo André, Leandro Castán e Felipe, que causava arrepios na torcida corintiana, mas chegou à Seleção e ao Porto graças à capacidade do técnico em montar sistemas defensivos que começam na frente, têm participação dos 10 homens de linha e concede pouquíssimos espaços, ou seja, protegem seus defensores.

Ou seja, talentos mais velhos como Thiago Silva e Miranda, mais jovens como Marquinhos ou indomáveis como David Luiz poderão ser lapidados.

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Identificado com o Corinthians por razões óbvias, os inúmeros títulos conquistados entre 2011 e 2015, Tite não teve grandes craques em seus times campeões. Nem no Timão nem no Internacional nem no Grêmio, lá no início do século. Isso somado ao interesse pela profissão e uma perspicácia acima da média o fizeram se aprimorar nas estratégias de conjunto.

A maior dificuldade do novo técnico da seleção brasileira poderá ser a falta da rotina diária. Ele costuma utilizar-se muito bem dela para convencer seus jogadores a terem dedicação e concentração necessárias. Mas respaldado pela opinião pública – e isso interfere muito no grau de entrega de um grupo –, Tite vai buscar, de cara, um time que tenha participação ofensiva e defensiva de todos. O “equilíbrio” que o treinador tanto cita nas entrevistas.

Não é só Tite que deverá melhorar a Seleção. A Seleção também tem tudo para melhorar o técnico, cujo último grande “upgrade” na carreira foi dado em 2014, quando viajou e estudou para aprender a aplicar o 4-1-4-1, e assim fez do Corinthians campeão brasileiro de 2015. Naquela ocasião, Tite se preparou para treinar o Brasil. Agora, precisa se preparar mais.

O nível de competição ficará muito mais alto. Ele vai se deparar com técnicos tão ou mais estudiosos, equipes tão ou mais coletivas que seus times de sucesso. A seu favor, estará o talento individual. Ao contrário do que se diz por aí, o Brasil ainda é um dos países com maior número de bons jogadores em todas as posições.

Tite baseia seu trabalho no que há de melhor. Ou seja, fora do país. Carlo Ancelotti é tutor do seu 4-1-4-1. Guardiola e Mourinho inspirações óbvias. Recentemente, ele revelou sua admiração por Luis Enrique. Já viajou para ver a movimentação da Juventus, jogos do Arsenal, do Borussia Dortmund… Ele bebe na fonte certa. O que ele sabe atualmente é suficiente para fazer um Brasil mais forte do que o atual, mas a constante troca de métodos e atletas feita na Seleção nos últimos anos faz com que seu trabalho comece atrás de outros mais consolidados, como o da Alemanha, exemplo óbvio e natural.

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