Aluno não consegue rematrícula por ter cabelo “exótico”

Uma confusão envolvendo um estudante e uma escola de Santos, no litoral de São Paulo, acabou gerando polêmica ao ir parar nas redes sociais. Vinicius Santos Dias, de 16 anos, estudava no Colégio Adventista e não conseguiu fazer a rematrícula para o próximo ano letivo por resolver adotar o cabelo no estilo ‘blackpower’.

Vinícius conta que, por causa do cabelo, foi chamado cinco vezes na sala da direção da escola, durante o ano, para conversar. As duas primeiras conversas foram apenas entre ele e a diretora, que segundo o estudante, desde o primeiro instante insistiu para que ele cortasse o cabelo que era ‘exótico’ e feria as regras da instituição. “Nessas conversas eu deixei bem claro que não era uma questão de moda. É apenas a minha identidade”, relembra.

Com o fim do ano letivo, o processo de rematrícula para 2016 foi iniciado, mas apenas a irmã de Vinícius recebeu o boleto. Para surpresa do adolescente, uma carta foi enviada convidando ele e o pai para resolver um problema disciplinar. “Quando chegamos na escola vimos que o problema era o meu cabelo. Muitas pessoas lutaram durante a história para que não tivessemos vergonha do nosso cabelo. É estranho ver uma regra como essa. Não podemos ficar quietos e devemos questionar as razões da escola”, ressalta o estudante.

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De acordo com Vinicius, a direção da escola deu duas opções para ele. A primeira era cortar o cabelo e continuar estudando no mesmo colégio. A outra, manter o penteado, só que fora da instituição. A direção alegou para o estudante que a rematrícula não seria feita já que feria o regimento escolar. “Foi aí que comecei a questionar. Por que o meu cabelo precisava ser cortado para que a matrícula pudesse ser feita?”, explica.

Sem mais respostas do colégio, Vinicius se uniu a outros colegas, que fizeram uma manifestação pedindo esclarecimentos. A ação foi parar nas redes sociais e acabou sendo compartilhada por milhares de pessoas. “Eu fiquei admirado. As pessoas foram aceitando a minha condição. Ninguém tinha obrigação de estar lá e muita gente pediu para que a escola liberasse o meu cabelo”, conta.

Para tentar reverter a situação, o adolescente organizou no pátio do Colégio Adventista uma manifestação onde pedia esclarecimentos para a escola sobre o porquê ele não terá a chance de efetuar sua rematrícula. A ação deu certo e outros estudantes acabaram aderindo ao movimento. “Eu fiquei admirado. As pessoas foram aceitando, ninguém tinha obrigação de estar lá e elas aceitaram, e também pediram para liberar o cabelo”, comentou.

Com a grande mobilização, o adolescente conseguiu levantar a bandeira de defesa à cultura afro. “Não tem como eu abaixar a cabeça para uma coisa tão absurda. Meu cabelo é crespo, minha boca é grossa e eu não tenho vergonha disso. Me sinto ofendido, não tem como dizer que não. Essa regra deve ter mais de 100 anos e nós estamos em 2015”, finaliza.

Em resposta ao G1, o Colégio Adventista de Santos, informou que que não impediu o aluno Vinicius Santos Dias de renovar a sua matrícula por preconceito de nenhuma espécie. A escola diz que a filosofia da Educação Adventista em todo o mundo prega a igualdade e é contra qualquer tipo de intolerância.

A instituição ainda afirma que existe um regimento interno, assinado pelos responsáveis pela matrícula, que não permite o uso de cabelo tal como o aluno apresenta. Esta prática é um padrão que é aplicado a todos os alunos e é adotado pela instituição há muitos anos, independente de cor ou raça.

A escola afirma que os contatos foram realizados algumas vezes e diz que não foi imposto de forma autoritária que ele cortasse o cabelo. O colégio também afirma que ele não foi impedido de praticar as atividades escolares durante o ano letivo. Tendo em vista que o aluno demonstrou insatisfação com as diretrizes da escola, os pais foram convocados a uma nova reunião.

Fonte: G1

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