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Publicado em 25/03/2009 - 18:17:07  

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Um Ensaio Sobre a Solidão
 
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Gênesis Naum de Farias

Poeta e Acadêmico da Faculdade de Arqueologia

Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF

Campus Serra da Capivara/PI

e-mail: cabarebruxelesco@yahoo.com.br





“Vieste vestida de varias cores/ reconhecer a vaguidade dos meus apelos/ anônimo como o silêncio da desilusão/ em algum lugar perdido na noite dos tempos...”



Nestes dias de sol, recolho-me ao perfume místico das sombras que me cercam o pensar, a semear ilusões, flanando meus olhos por vagas funestas, numa nostálgica saudade avoenga. Lendo o futuro e prevendo as marcas do passado, deixo-me enterrar sedento por uma solidão necessária no quadro das recordações e lembranças, boiando no lago da memória em esquecimento. No presente instante, parti ignorado pelas estradas da sina, sem o rumo das ilusões, provocada pela melancolia do desencontro, confinado por um sentimento humano. Era um chamado que atendia a um instinto andarilho, que insurgia palavras untadas de poesia, em estranhas sombras de hereditariedades nebulosas, que viam no passado as marcas de um futuro incerto, que petrificava o brilho de uma existência cravada de indiferentes certezas, pregadas para o infinito turvo, numa ironia presenciada por uma decepção pré-anunciada pela familiaridade dos trejeitos de uma insatisfação misticamente nômade, num esforço doloroso. Que importa se canto uma canção final, entoada pelo orgulho de uma loucura frugal, tendo a certeza mais louca num limpo e vazio encanto. Mesmo assim, louvo em versos roucos, a certeza de uma insaciável solidez, nas idéias de um gemido simples, de louco, num canto triste e frágil, no som longo e firme do medo que se anuncia aglutinado à minha personalidade com o lirismo triste de uma lira maldita. A viagem que se anuncia é cinzenta e de pouca certeza quanto à volta, mas redime o meu sonhar como redime a arte na eterna imitação da vida e, pode reservar o sossego de uma solidão necessária aos meus tormentos de menino roubando frutas no pomar do estro. O caminho se faz longo e triste, porém sinto neste vazio, a força do encanto nostálgico de dias que nascerão mais belos; nas infindas distâncias no horizonte de uma aurora límpida e menos sofrida, onde decantarei versos para a vida simples que envolve o meu futuro — lido neste instante, nas plagas soltas da solidão de si. Ela talvez não traga felicidade, mas me fará desafiar as inconstâncias do estro que procuro com a verve de um Poeta de desafios e tormentos – ofício concreto da busca – na calejada existência de si buscando a plana pátria da felicidade. Meu chão se faz de caminhadas sem palavras, na transferência inquieta de quadrante a quadrante no tempo. Às vezes, me permito lágrimas em discursos secos, numa manhã de domingo. Às vezes, busco a auto-afirmação pela via do desapego, sempre me interrogando numa procura pelo outro que esta além de mim. Alguém disse que a pressa aniquila o verso, mas me desespero sobre a folhagem do sonho e me consumo diante da incerteza deste mesmo verso, calado com a temporalidade que me prende a ele pela via do fazer poético. Neste instante, caminho sem fôlego acompanhando a marcação do tempo que me é frívolo e desesperançoso; aguando meus rumos com a força das lagrimas na incestuosa insônia do destino; sabendo que o mesmo, possui a consciente marca do divino e do profano, marcando com exatidão os pontos desta viagem de lutas e buscas descompassadas. Faz tempo que adormeço sentindo esta folhagem, carregando comigo um sentimento que a cada dia percebo matar-me aos poucos, no entanto isto é o que me faz viver mais, pois alimentando os sonhos do reencontro com a vida, adormeço e acordo sozinho nesta maçante e atribulada existência. Há muito, busco a candura dos pássaros, que são livres e podem levantar voos no remanso de suas paixões. O eco da canção que canto, embala-me por lendárias viagens e defronta-me com o mudo discurso do desengano. Tarde, minha alma clama prisioneira de uma trégua sem fim nem começo, estampando os riscos desta mesma busca espiritual; abrindo uma chama ensolarada no sofrimento que carrego pelas ruas do tempo como o estandarte de meus caminhos, iluminados pela essência deste mesmo tempo, carregado de decepções, tristezas e ilusões que se consomem palmo a palmo, pela eterna busca de si no cosmo, pois sofro conflitos como todo homem e, ao fim me entrego com humildade e coragem, ao que me é destinado: viver só ao extremo do meu lirismo triste...
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