Pela lei, Iracema Portela terá que gastar 62% a menos na eleição deste ano

As novas regras definidas pela resolução nº 23.553/2017 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições deste ano estabelecem um limite de gastos de campanha para todos os cargos eletivos. No caso dos governadores e senadores, o teto de despesas varia de acordo com a quantidade de eleitores de cada estado no dia 31 de maio de 2018, mas para os cargos de deputado federal e deputado estadual, os valores são iguais para todos.

Conforme as novas regras, o valor máximo que um candidato a deputado federal pode gastar é R$ 2,5 milhões, enquanto os postulantes ao cargo de deputado estadual podem gastar até R$ 1 milhão. Com isso, vários parlamentares terão que reduzir os valores na campanha se comparados aos que foram declarados na disputa de 2014. No Piauí, a maior redução nos gastos declarados será de Iracema Portella, eleita deputada federal na última eleição com uma das campanhas mais caras do Brasil.

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De acordo com TSE, Iracema fez uma das campanhas mais caras do país para o cargo de deputado federal, com um total de despesas que beirou os R$ 7 milhões. Os dados consolidados na prestação de contas entregue ao TSE em 20 de novembro de 2014 apontam R$ 6.722.540,86 declarados pela deputada federal. A campanha dela foi a terceira mais cara do Brasil, atrás apenas de Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Marco Antônio Cabral (MDB-RJ). O ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) ficou logo atrás de Iracema.

Campanha de Iracema em 2014 foi mais cara do que a de Eduardo Cunha (MDB-RJ) (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)Campanha de Iracema em 2014 foi mais cara do que a de Eduardo Cunha (MDB-RJ) (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Em novembro de 2014, o jornal Folha de S. Paulo informou que a campanha de Iracema Portella custou, conforme o declarado, R$ 7.014.478,66, o que a colocava como a segunda mais cara do Brasil para o cargo. No entanto, os dados finalizados pelo TSE mostram que as despesas declaradas pela deputada do Progressistas para se reeleger ficaram nos R$ 6,7 milhões.

Em 2018, com o limite estabelecido, a deputada federal piauiense não poderá gastar, pelo menos oficialmente declarados, mais do que R$ 2,5 milhões. Dessa forma, a campanha dela este ano terá que ser 62% mais barata que a de 2014, quando Iracema se reelegeu para o segundo mandato. Em dinheiro, significa que a mulher do senador Ciro Nogueira terá que reduzir R$ 4,2 milhões nas despesas declaradas de campanha em 2018.

Heráclito Fortes também terá que reduzir despesas em relação à campanha de 2014 (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)Heráclito Fortes também terá que reduzir despesas em relação à campanha de 2014 (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

HERÁCLITO TAMBÉM
Outro que também terá que declarar gastos menores será o deputado federal Heráclito Fortes (DEM). Na campanha de 2014, ele declarou na prestação de contas uma gastança superior a R$ 4 milhões. Conforme os números do TSE, o deputado gastou exatamente R$ 4.165.432,32, sendo a segunda campanha mais cara para o cargo entre os candidatos piauienses. Com as mudanças, a campanha do piauiense deve ser praticamente 40% mais barata.

Os outros oito deputados federais eleitos no Piauí nas eleições de 2014 não declararam despesas de campanha superiores ao valor definido como teto para a disputa deste ano. Com isso, eles podem apresentar despesas iguais ou até maiores do que aquelas que informaram à Justiça Eleitoral no pleito passado.

Aliado de Ciro, Júlio foi o que mais gastou para a disputa de deputado em 2014 (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)Aliado de Ciro, Júlio foi o que mais gastou para a disputa de deputado em 2014 (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

JÚLIO: O CAMPEÃO ESTADUAL
Se Iracema Portella foi a campeã de gastos no Piauí para o cargo de deputado federal, Júlio Arcoverde, também do Progressistas e braço direito de Ciro Nogueira, foi o campeão para o cargo de deputado estadual. Segundo a prestação de contas entregue por ele ao TSE no dia 20 de novembro de 2014, foram gastos R$ 1.243.107,37 na campanha. Como o limite para deputado estadual agora será de R$ 1 milhão, Júlio terá que gastar (nesse caso declarar) 20% a menos. Ele foi o único a passar a marca de R$ 1 milhão na campanha para deputado estadual no Piauí no pleito passado.

SÓ MESMO NO PAPEL
A diminuição, no entanto, todos sabem que só deve ocorrer no papel. Até mesmo as autoridades da Justiça avaliam que, na prática, os candidatos não vão respeitar o limite estabelecido. Em outubro de 2017, o ministro da Justiça Torquato Jardim afirmou que os novos limites não compram nem picolé para criança nos comícios.

“R$ 70 milhões para eleição de presidente da República? Não compra nem picolé para ter criança no comício. Não dá. Para deputado federal são R$ 2,5 milhões. Não convence nem a família dele”, afirmou o ministro.

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